Bispo Alexander (Mileant)
Traduzido por Olga Dandolo
Conteúdo: A vida do padre João de Kronstadt. Pensamentos Selecionados do Diário de Padre João "Minha Vida em Cristo".
A vida do padre João de Kronstadt.
S
ão João (Ioan Ilíitch Serguiev), chamado de João de Kronstadt, nasceu em 19 de outubro de 1.829 de uma família pobre na aldeia de Sura distrito de Arcanguelsk. Ele foi batizado logo após seu nascimento, pois, pensaram que não iria viver por muito tempo. Deram-lhe o nome de João em honra de São João de Rilsk, cuja memória era celebrada nesse dia. Porém a criança foi se desenvolvendo e crescendo forte. Sua infância transcorria em extrema pobreza e privações, mas seus devotos pais infiltraram nele um forte fundamento de fé. O menino era quieto, concentrado e amava a natureza e os ofícios religiosos.Quando João completou nove anos, seu pai, tendo juntado as últimas migalhas, levou-o à escola diocesana de Arcanguelsk. Os estudos eram difíceis, motivo pelo qual ele se afligia muito. Então o menino pediu a ajuda de Deus. Certa vez, em um desses momentos difíceis, tarde da noite quando todos dormiam, ele se levantou e começou a rezar com extremo fervor. O Senhor ouviu sua prece: a Graça Divina o envolveu, e, conforme sua própria expressão, "imediatamente era como se uma cortina tivesse sido tirada de seus olhos." Ele se lembrou de tudo o que era dito na classe, e tudo ficou claro em sua mente. Daquele momento em diante ele teve grandes progressos em seus estudos. Em 1851 João Serguiev concluiu o seminário com distinção e ingressou na Academia de Teologia de São Petersburgo.
A vida na capital não corrompeu o jovem; ele continuou sendo religioso e compenetrado como era em casa. Logo seu pai morreu, e para manter sua mãe, João começou a trabalhar na chancelaria da academia com o salário de nove rublos ao mês. Esse dinheiro era enviado na íntegra à sua mãe. Em 1.855 ele concluiu a Academia com excelentes notas. O jovem formando foi ordenado e nomeado padre da catedral de Santo André em Kronstadt (próximo a São Petersburgo).
Desde o primeiro dia de sua ordenação, o padre João se dedicou inteiramente a serviço do Senhor e passou a oficiar diariamente a Divina liturgia. Ele rezava fervorosamente, ensinava as pessoas a levarem uma vida correta e ajudava os necessitados. Seu fervor era surpreendente. No princípio algumas pessoas riam dele, considerando-o não totalmente normal.
Por um tempo o padre João foi professor do Sagrado Testamento. Sua influência sobre os alunos era irresistível e as crianças gostavam muito dele. Ele não era apenas um educador frio, era um interlocutor interessante. Ele tratava seus alunos com calor e sinceridade, freqüentemente intercedia por eles, não os reprovava nos exames e mantinha diálogos simples, os quais eram lembrados pelos alunos pelo resto de suas vidas. O padre João tinha o dom de acender a fé nas pessoas.
O padre João se compadecia muito pelos pobres e sofredores. Ele não menosprezava ninguém e atendia ao primeiro apelo dos mendigos e dos decaídos. Alí nas casas deles ele rezava e depois os ajudava, freqüentemente dando tudo daquilo que possuía. Às vezes sucedia que ao chegar a uma casa de família muito necessitada e vendo a pobreza e a doença, ele mesmo se encaminhava ao mercadinho ou procurava pelo médico na farmácia.
Ele nunca se recusou aos pedidos de orações nem dos ricos nem dos pobres, nem dos famosos ou qualquer simples desconhecido. E o Senhor recebia suas preces. Durante a liturgia o padre João rezava com fervor, exigente e ousadamente. O Arcipreste Vassily Shustin descreve uma das liturgias do padre João, na qual ele esteve presente em sua juventude, da seguinte maneira: "Durante o Grande Jejum (Quaresma) cheguei a Kronstat junto com meu pai, para jejuar junto ao padre João. Porém, como se tornou impossível ter uma confissão privativa com ele, tivemos que nos confessar na confissão comunitária. Meu pai e eu chegamos à catedral de Santo André antes do toque do sino. Estava escuro — apenas 4 horas da madrugada. Embora a catedral estivesse trancada, já havia um número relativamente grande de pessoas perto dela. No dia anterior nós havíamos conseguido do "starosta" (o responsável da Igreja) uma autorização para entrarmos no altar. O altar era grande e acomodava 100 pessoas. Meia hora depois o padre João chegou e iniciou os ofícios matinais. Nessa hora a catedral ficou lotada; ela comportava aproximadamente cinco mil pessoas. Diante do público havia uma cerca afim de conter os fiéis. O cânone da matinal foi lido pelo próprio padre João.
No final da matinal teve início a confissão comunitária. Inicialmente o padre leu as orações que precedem a confissão. Em seguida disse algumas palavras sobre o arrependimento e elevando a voz, para que todos ouvissem, falou: "Arrependam-se." — Aqui começou a acontecer algo incrível. Ouviram-se clamores, gritos e confissões verbais dos pecados mais secretos. Alguns procuravam gritar seus pecados o mais alto possível, para que o padre ouvisse e rezasse por eles. O padre por sua vez, ajoelhado e com a cabeça encostada na mesa do altar rezava fervorosamente. Aos poucos os gritos se transformavam em pranto e soluços. Isto continuou por uns 15 minutos. Depois o padre se ergueu e saiu para o público; o suor escorria pelo seu rosto. Ouviam-se pedidos de intercessão, mas outros ficaram quietos e finalmente a catedral silenciou. Então o padre, erguendo bem alto o paramento sacerdotal, leu a oração de absolvição e moveu o paramento sobre as cabeças das pessoas. Depois ele entrou no altar e foi iniciada a liturgia.
Havia 12 sacerdotes servindo e sobre a mesa do altar 12 cálices enormes e discoses. O
padre servia tenso, exclamando algumas palavras em alto brado e manifestando como que uma especial intrepidez diante de Deus. Afinal de contas quantas almas arrependidas ele tomou sobre si! Foram lidas muitas orações antes da Comunhão, pois, era preciso preparar muitas partículas para a Comunhão. Para o Cálice foi colocado diante do público um suporte reforçado protegido por duas grades. Às 09:00hs da manhã o padre deu início à comunhão.
Por diversas vezes o "batiushka" precisou pedir às pessoas para que não empurrassem umas às outras. Próximo ao cercado havia uma corrente de policiais, os quais controlavam a multidão, permitindo assim a aproximação dos comungantes. Embora houvesse mais dois sacerdotes nas laterais da catedral dando a comunhão, o "batiushka" terminou de dar comunhão após às 14:00hs, tendo pego Cálices adicionais por diversas vezes. Eu permaneci até o final da liturgia. Quando ela terminou, ainda restavam Sacramentos Sagrados no Cálice, e o "batiushka" então chamou para o Altar por aqueles que ainda não tomaram o vinho após a comunhão e colocando-os em semicírculo diante da Mesa de Oblação e segurando o cálice nas mãos, ele administrou os Santos Sacramentos pela segunda vez. Esta cena da Ceia Mística de Amor muito comovente. O "batiushka" não demonstrava nenhum traço de fadiga na face e com o rosto feliz ele congratulava a todos. Os ofícios e a Sagrada Comunhão nos deram tanto entusiasmo e forças que meu pai e eu não sentimos nenhum cansaço. Tendo recebido a benção do padre João, almoçamos ligeiramente e partimos para casa."
Algumas pessoas se referiam ao padre João com malevolência — uns por ignorância, outros por inveja. Assim, certa vez um grupo de leigos e de clérigos, descontentes com o padre João, escreveram uma carta de reclamação ao Metropolito Isidoro de S. Petersburgo. O Metro polito abriu a carta, olhou e viu diante de si uma folha de papel em branco. Chamou então os autores da carta e exigiu uma explicação. Eles afirmavam de que o Metropolito segurava nas mãos a carta de acusação escrita por eles. O Metropolito perplexo então chamou o padre João, perguntando o que sucedia. Quando o padre João rezou a Deus, o Metropolito começou a ver que realmente ele tinha em suas mãos uma carta de acusação e não um papel em branco. Entendendo, através deste milagre, que Deus defendia o padre João das calúnias, o Metropolito rasgou a carta e com raiva expulsou os queixosos, e o padre João disse carinhosamente: "Sirva a Deus batiushka, e não se perturbe!"
A oração de padre João era extraordinariamente poderosa. Através dela, ele curava milhares de pessoas tanto presentes como ausentes. Sabendo do poder de suas orações, pessoas não só de Kronstadt se dirigiam a ele, como também pessoas de todos os cantos da Rússia e até do estrangeiro. A quantidade de cartas e telegramas dirigidas ao Padre João era tão volumosa que o correio de Kronstadt repartiu para ele um setor particular. Essas cartas e telegramas eram habitualmente lidas pelo Padre João logo após a liturgia, com freqüência contando com a ajuda de secretários, e ali mesmo rezava fervorosamente pelos suplicantes. Entre os que foram curados pelo Padre João, havia pessoas de todas as idades e classes sociais; havia ali ortodoxos, católicos, judeus e muçulmanos. Eis alguns relatos sobre as curas operadas pelo Padre João.
Certa vez uma mulher tártara dirigiu-se ao Padre João com o pedido de oração por seu marido muito enfraquecido, o qual ela trouxe numa carroça. O Padre João perguntou à mulher se ela acreditava em Deus. Diante da resposta afirmativa ele disse: "Rezemos juntos. Você reza do seu modo e eu rezo do meu." Terminando a oração, o padre João abençoou a mulher. Retornando à carroça a mulher tártara ficou pasma pela surpresa de ver seu marido curado caminhando em sua direção.
Na Karkóvia vivia um advogado judeu. Sua filha única de oito anos de idade adoeceu de escarlatina. Foram solicitados os melhores médicos, mas o organismo da menina não conseguia reagir contra a doença. Os médicos comunicaram à família de que a situação da menina era totalmente sem esperanças. O desespero dos pais era profundo, mas, eis que o pai se lembrou que o padre João de Kronstadt chegou a Karkov nessa época, e ele ouviu falar a respeito de seus milagres. Ele então ordenou a um cocheiro que o levasse ao local onde uma grande multidão aguardava para receber o padre João. Forçando a passagem entre a multidão, o advogado jogou-se aos pés do padre João com as seguintes palavras: "Santo padre, eu sou judeu, mas te peço — me ajuda!" O padre João perguntou o que aconteceu. — "Minha única filha está morrendo. Mas reza a Deus e salva-a," — exclamou o pai em prantos. padre João, colocando a mão sobre a cabeça do pai, ergueu os olhos para o céu e começou a rezar. Após um minuto, ele disse ao pai: "Levanta e siga para casa em paz." Quando o advogado aproximou-se de sua casa, sua esposa encontrava-se na varanda e gritou que a filha deles estava sã e salva. Entrando em casa, ele encontrou sua filha conversando com os médicos — aqueles que há algumas horas atrás a haviam sentenciado à morte, e agora, estavam sem conseguir entender o que tinha acontecido. Essa menina depois se converteu à ortodoxia e foi batizada com o nome de Valentina.
Uma mulher possessa não suportava a presença do padre João, e quando ele passava em algum lugar próximo, ela se debatia tanto, que era necessário alguns homens fortes para conte-la. Certa vez o padre João aproximou-se dela. Ele ajoelhou-se diante dos ícones e mergulhou em orações. A possessa começou a se debater em convulsões, a blasfemar contra ele e amaldiçoá-lo, e depois, repentinamente se aquietou e parecia estar inconsciente. Quando o padre João se ergueu das orações, todo seu semblante estava banhado de suor. Aproximando-se da enferma, ele a abençoou. A ex-possessa abriu os olhos e em prantos atirou-se aos pés do padre. Essa cura repentina causou em todos uma tremenda impressão.
Entretanto às vezes o padre João recusava orar por alguma pessoa, evidentemente prevendo a vontade de Deus. Assim, verta vez padre João foi chamado ao instituto de Smolny para ir ao leito de uma princesa de Chernogor sèriamente enferma. Faltando uns dez passos para chegar, ele deu uma volta brusca e retornou dizendo: "Não posso rezar." Após alguns dias a princesa morreu. Às vezes, porém, ele revelava grande perseverança em suas preces, conforme ele mesmo da o testemunho sobre um caso de cura: "Por nove vezes me dirigi a Deus com todo o fervor da oração, e o Senhor finalmente me ouviu e curou o doente."
O padre João não era um pregador hábil. Ele falava com clareza e simplicidade, sem qualquer eloqüência, mas falava do fundo da alma, e com isto persuadia e inspirava seus ouvintes. Seus sermões eram imprimidos em série e eram publicados em vasta escala por toda Rússia. Foi publicado também um apanhado de composições do padre João, consistindo em diversos grandes volumes.
O diário do padre João "Minha vida em Cristo" é repleto de um amor especial. A despeito de ser muito ocupado, padre João anotava diàriamente seus pensamentos que vinham à sua mente durante as orações e meditações. Foram estes pensamentos que compuseram o diário do padre João. No final desta brochura traremos alguns pensamentos escolhidos desse diário.
É preciso imaginar como se passava o dia do padre João, para entender todo o peso de labor! Ele acordava diariamente às 03:00 horas da madrugada e se preparava para oficiar a liturgia. Perto das 04:00 horas ele se dirigia à Igreja para as matinais. Ali já o aguardava uma multidão ansiosa, sedenta para vê-lo e receber sua benção. Havia também muitos pobres, aos quais o padre João dava esmolas. Logo depois das matinais o padre João fazia sempre confissão comunitária devido ao enorme número de participantes. Depois ele oficiava a liturgia e no final dela a comunhão era muito demorada. Em seguida o padre João levava as cartas e telegramas recebidos diretamente ao altar, e ali mesmo ele as lia e rezava pelos que pediam ajuda. Depois, acompanhado de milhares de fiéis, o padre João se dirigia a S. Petersburgo atendendo a chamados incontáveis de pessoas doentes. Raramente ele voltava para casa antes da meia noite. Algumas noites ele passava sem dormir — e assim passavam dia após dia, ano após ano sem parar. Viver e esforçar-se desta maneira só poderia ser possível com a ajuda sobrenatural de Deus. A fama do padre João era seu maior fardo. Onde quer que ele aparecesse, imediatamente uma grande multidão de pessoas crescia, sedenta de pelo menos olhá-lo.
Pelas mãos do padre João passavam centenas de milhões de rublos. Ele nem tentava contá-los: pegava com uma mão e imediatamente dava com a outra mão. Diante desta caridade direta, o padre João criou uma organização especial de ajuda. Em 1882 foi aberta em Kronstadt a "Casa da habilidade," onde havia Igreja própria, escola elementar para meninos e meninas, orfanato, clínica para quem viesse, asilo, biblioteca popular gratuita, abrigo que comportava até 40.000 pessoas ao ano, uma variedade de oficinas onde os indigentes podiam ganhar algum dinheiro, cantina popular barata, onde em festas eram servidos até 800 almoços gratuitos e hospedaria para viajantes.
Através da iniciativa e suporte material do padre João, foi construída uma estação de resgate à beira da baía. Em sua cidade natal ele construiu uma Igreja linda. Não existe possibilidade de enumerar todos os lugares e distritos até onde se estendia sua preocupação e sua ajuda.
Foram conservados muitos casos das perspicácias do padre João. Certa vez ele estava oficiando uma "molhêben" (Te Deum) em uma casa na cidade de Kozan. No meio dos muitos suplicantes presentes encontrava-se um professor, o qual não gostava do padre João. Quando terminou a "molhêben," o professor tentou se esquivar de beijar a cruz e do encontro com o Padre João. Porém o Padre dirigindo-se a ele através da multidão disse: "Por que o senhor, professor teme a cruz? Pois se em breve e senhor mesmo terá de dar a cruz para as pessoas beijarem!" O professor, envergonhado sob os olhares de todos os presentes em sua direção, aproximou-se do Padre João e beijou a cruz. Depois de algum tempo, a esposa deste professor o abandonou e após isto ele entrou para o mosteiro e tornou-se bispo e reitor da Academia Teológica de Kazan.
O Padre João expirou no dia 20 de dezembro de 1908, aos 80 anos de vida. Uma imensa multidão acompanhou seu corpo desde Kronstadt até S. Petersburgo, onde ele foi sepultado no mosteiro de Ivanovsky, o qual ele mesmo fundou. Pessoas de todos os lados da Rússia vinham rezar diante de seu túmulo; os ofícios de Réquiem eram ininterruptos. Forte em sua fé, fervoroso nas preces e em seu amor ao Senhor e às pessoas, o Padre João de Kronstadt irá usufruir do amor do povo russo enquanto existirem pessoas com fé. Mesmo após sua morte, ele atende rapidamente às súplicas de todos os que pedem sua ajuda.
O Padre João era uma pessoa de altura mediana, macilento e magrinho. Seus cabelos eram claros, seu rosto aparentava frescura com um brilho corado. Seus olhos azuis eram o destaque dos traços de seu rosto. Algumas pessoas até tinham medo de seu olhar penetrante, pois, para eles parecia que era como se o Padre João enxergasse suas almas. Certa vez um homem se recusou decididamente a encontrar-se com o Padre, explicando que ele poderia acusá-lo de alguma coisa diante de todos. Porém os olhos do Padre João sendo penetrantes irradiavam um imenso amor e compaixão. Pelo testemunho das pessoas que conheciam bem o Padre João, a maioria de seus retratos não conseguia transmitir o calor de seu olhar.
Tropárion
: Em Cristo vivo para sempre, ó milagroso, / com amor tem piedade dos que estão em desgraça./ Ouve tuas crianças, que te chamam através da fé,/ na esperança da tua ajuda generosa,// João de Kronstadt, querido pastor nosso.Kondáquion
: Tu que foste escolhido por Deus desde a infância, e na adolescência recebeste Dele o dom milagroso do ensinamento, e foste gloriosamente chamado ao sacerdócio numa visão durante o sono, surgiste como pastor maravilhoso da Igreja de Cristo, Padre João, homônimo da graça. Roga a Cristo Deus para que todos nós estejamos contigo no Reino de Deus.(O dia da memória de Padre João celebra-se em 1o de novembro e 2 de janeiro pelo calendário contemporâneo).
Conteúdo:
Deus, Sua Graça e Preocupação pelas Pessoas
Vida Cristã, Zêlo, Paciência e Determinação
Deus, Sua Graça e Preocupação pelas Pessoas.
Assim como a mãe ensina seu filho a andar, Deus nos ensina a termos uma fé viva Nele. A mãe coloca a criança em pé, se afasta e manda a criança caminhar até ela. A criança chora sem a segurança da mãe, quer ir até ela e tem medo de dar um passo, ou se esforça para se aproximar, e cai. Da mesma maneira o Senhor ensina os cristãos a terem fé Nele. Nossa fé é fraca, tal qual a criança, que está aprendendo a andar. O Senhor abandona temporàriamente o cristão e o entrega a diversos infortúnios, e depois, quando surge a necessidade, Ele o salva. O Senhor ordena olhar para Ele e caminhar até Ele. O cristão se esforça para ver o Senhor, porém, o coração não ensinado a vislumbrar Deus, temendo sua coragem, tropeça e cai. E o Senhor está perto e pronto para tomar o cristão fraco em Seus braços. Por esta razão, diante de diferentes aflições ou artimanhas do demônio aprenda a olhar para o Salvador com os olhos do teu coração. Olha para Ele com coragem como para um tesouro inesgotável de graças e suplica a Ele com fervor, para que Ele te ajude. E imediatamente receberás aquilo que pedes. O importante aqui é ver o Senhor com o coração e ter esperança Nele como Benevolência Total. Esta é a verdade da experiência! É assim que o Senhor nos ensina a reconhecer nossa fraqueza e ter esperança Nele.
Quantas vezes Tu, Mestre Senhor Jesus, renovaste minha existência, a qual eu corrompi levianamente com meus pecados! São incontáveis! Quantas vezes Tu me libertaste das chamas de numerosas paixões que queimavam dentro de mim, do abismo de melancolia e desespero! Quantas vezes Tu renovaste meu coração corrompido, apenas pela invocação do Teu nome com fé! Quantas e quantas vezes Tu realizaste isto através do Teu Sacramento vivificante. Oh, Mestre! Não tem fim Tuas graças para mim pecador. O que posso Te oferecer por Tua graça infinita, Jesus, Vida e alegria minha! Ajuda-me a ser prudente.
O Senhor tem imenso respeito pelos seres, os quais Ele presenteou com inteligência e vontade livre, principalmente — pelos Anjos e Santos. Através deles Ele age para a consagração e salvação das pessoas. Por esta razão não diga: "Eu sempre me dirijo diretamente a Deus com as minhas necessidades." Às vezes devemos nos dirigir também aos Santos Dele, como mensageiros Dele e instrumentos de Sua ajuda. O próprio Senhor não quer que os seres que atingiram um plano espiritual elevado, se tornem inúteis na salvação das pessoas que ainda não se fortaleceram na fé. Uma mãe de Canaã por exemplo, através de súplicas obteve para sua filha a libertação do demônio, e quatro amigos conseguiram a cura de seu companheiro enfermo, levando-o aos pés de Cristo.
Deus tem total respeito pela natureza e suas leis criadas por Ele, assim como pelas realizações se Sua infinita Sabedoria. Por esta razão também a Sua vontade Ele costumeiramente realiza através da natureza e suas leis, nos punindo ou abençoando através de diferentes elementos físicos e circunstâncias da vida. Conseqüentemente, sem extrema necessidade não exija Dele um milagre.
Sem a ajuda de Sua graça, você não seria capaz de conquistar nenhum de seus desejos. Por esta razão sempre peça a ajuda de Cristo, seu Salvador. Para isto Ele veio ao mundo, para isto Ele sofreu, morreu e ressuscitou, para ajudar você em tudo, para salvar você da coação das paixões e purificar os seus pecados, para que através do Espírito Santo, dar-lhe forças para fazer o bem, para instruir e apaziguar você. Você pergunta: "Como salvar-me se a cada passo há tentações e a cada minuto se peca?" A resposta para isto é simples: "A cada passo e cada minuto chame pelo Salvador. Desta forma você se salvará e salvará os outros."
Assim como a respiração é indispensável para o corpo, a alma não pode viver uma vida verdadeira sem a respiração do Espírito de Deus. Aquilo que o ar é para o corpo, é o que o Espírito de Deus é para a alma. — O ar — é análogo ao Espírito de Deus.
O Santo Espírito Consolador, atraindo para Si todo universo, passa entre todos os fiéis, humildes, bondosos e de alma mansa, habitando, vivificando e revigorando-os. Ele torna-se um só espírito com eles e torna-se tudo para eles — sua luz, força, paz, alegria, sucesso nos negócios, especialmente uma vida virtuosa.
Como Deus pode nos salvar com facilidade e instantaneamente! Freqüentemente durante o dia eu era um grande pecador, mas ao anoitecer após a oração, eu me retirava para o repouso, absolvido e iluminado mais do que a neve pela Graça do Espírito Santo, com profunda serenidade e paz em meu coração! Como é fácil para o Senhor também nos salvar, no anoitecer de nossa vida, no declínio de nossos dias! Oh, salva-me, salva-me Senhor, recebe-me em Teu Reino celeste, pois tudo é possível para Ti! Se nós caímos, caímos de nosso Senhor. E Ele estará firme e nos sustentará (Rom. 14:4).
Quando o Salvador viveu na terra, todo aquele que tocava Suas vestes com fé, era curado. Por este motivo também nos tempos atuais as pessoas que usam água benta com fé, se curam. Afinal a Cruz que é mergulhada na água junto com a oração de fé, carrega consigo o poder vivificante do Senhor. Assim como as vestes do Salvador eram impregnadas com Sua vida, também a água na qual é imersa a Cruz vivificante, ela fica infiltrada com a vida Dele; por esta razão ela cura.
Infligindo nosso corpo físico com a doença, o Senhor destrói nossa antiga e pecadora existência, para dar forças a um novo ser, o qual nós tornamos impotentes através de atos da carne: a gula, a ociosidade, diversões e diversas paixões. "Quando me sinto fraco, então é que sou forte" (2 Cor. 12:10).
Devemos aceitar a doença com gratidão.
É maravilhosa a qualidade da fé: apenas um pensamento vivo em Deus, uma fé sincera Nele — e Ele instantaneamente está comigo; um arrependimento sincero dos pecados, e Ele está comigo; um pensamento bom, e Ele está comigo; um sentimento reverente, e Ele está comigo. O demônio entra em mim através de pensamentos de dúvida, medo, orgulho, ódio e outras emoções. Isto significa que o domínio dele sobre mim é limitado e depende totalmente de mim. Estando eu atento comigo mesmo e na oração ao Senhor Jesus Cristo, ele fica completamente impotente para me fazer qualquer dano.
A falta de fé denuncia por si mesma sai falsidade, pois, enche a alma de escuridão, de inquietação confusa e de medo. E ao contrário, a fé é sempre tranqüila, feliz, majestosa, segura.
Quantos benefícios me trouxe até agora a fé em Cristo! Quanta revolta e impetuosidade da alma ela expulsou me trazendo paz interior! Quantas vezes ela corrigiu a impetuosidade injusta do meu coração! Quantas vezes ela purificou meus pecados e me salvou da morte espiritual! E como o Senhor está próximo de nós! Ele — é o nosso ar e nossa respiração.
Se a fé não for aquecida em nosso coração por negligência, então ela poderá se apagar dentro de nós; o cristianismo com seus mistérios vivificantes possivelmente poderá morrer para nós. O inimigo se esforça exclusivamente em apagar a fé nas pessoas e fazer com que elas se esqueçam dos ensinamentos de Cristo. É por esta razão que vemos pessoas que são cristãs apenas no nome, — mas em suas ações são verdadeiras pagãs.
A oração é a união da mente e do coração com Deus, uma conversação viva com Ele, presença venerável diante da fonte da vida. Por isso durante a oração é preciso se esquecer de tudo aquilo que está ao redor e se apresentar a Deus com profundo reconhecimento de sua incapacidade e indignidade. Uma oração sincera ilumina e reanima a alma, e lhe dá a oportunidade de sentir o sabor da felicidade próxima. Ela dá força à alma e ao corpo, ilumina a face. Ela — que é um fio de linha dourado, une a criatura ao Criador. Ela dá coragem e força diante de quaisquer tentações, contribui no sucesso nos negócios, reforça a fé e outras virtudes, auxilia na melhoria da vida, gera lágrimas de arrependimento e nos dispões para obras de caridade.
Para vivermos uma vida cristã e para que o espírito não se apague dentro de nós, é indispensável a oração caseira e a oração comunitária. Assim como é indispensável adicionar óleo na lamparina para que não se apague, é indispensável freqüentar a Igreja, participar dos ofícios e ali rezar com fé, com compreensão e fervor. E como a oração torna-se mais sincera e fervorosa através da abstinência, é preciso viver moderadamente e observar o jejum. Nada extingue o espírito em nós tão depressa quanto a imoderação, o abuso e maneira dispersa de vida...
O teatro e outras formas de entretenimento apagam a vida cristã, gerando indiferença, astúcia e risos inúteis. O teatro — é o inimigo da vida cristã; ele é fruto do espírito deste mundo e não do Espírito de Deus. O verdadeiro filho da Igreja o evita.
As pessoas caíram na descrença por não fazerem orações. Seus corações vazios abrem espaço para o príncipe desta era agir neles. Essas pessoas não suplicam ao Senhor pelo orvalho vivificante da graça do Espírito Santo, e assim, seus corações corrompidos por sua natureza, ficam totalmente ressecados e começam a arder com a chama infernal da descrença e diversas impetuosidades.
O demônio então sabe bem como inflamar ainda mais este fogo terrível e celebra o triunfo, vendo a ruína dessas almas infelizes, as quais foram redimidas pelo sangue Daquele Que anteriormente venceu seu domínio.
Para poder passar o dia inteiro em total santidade, em paz e sem pecados, o único recurso — é a mais sincera e fervorosa oração matinal logo após o sono. Ela introduzirá Cristo com o Pai e o Espírito Santo dentro do coração, e desta maneira dará forças à alma para resistir ao mal.
Pronuncie as palavras da oração com o coração firme. Por exemplo, quando rezar à noite, não se esqueça de expor ao Espírito Santo com toda sinceridade e arrependimento do fundo do coração, os pecados que você comete durante o dia. Apenas alguns instantes de arrependimento sincero — e você será purificado pelo Espírito Santo de todo o mal; estará mais branco do que a neve. Então, lágrimas irão escorrer de seus olhos, a vestimenta da verdade de Cristo o cobrirá e você estará unido com Cristo, juntamente com o Pai e o Espírito.
Às vezes, ao longo da oração, apenas alguns minutos são agradáveis a Deus e compõem um serviço sincero para Ele. Na oração o principal — é levar seu coração a Deus experimentando desse modo a doçura da presença de Deus na alma.
O mérito da tua oração será medido pelos critérios humanos. Assim, por exemplo, às vezes nos encontramos com pessoas frias, e por decoro nós as elogiamos e agradecemos hipocritamente, ou fazemos alguma coisa para elas sem a sinceridade do coração. Às vezes porém fazemos isso com sinceridade, calor e amor. Do mesmo modo também agimos com Deus. E não é assim que tem de ser. É preciso sempre manifestar a Deus glória, gratidão e súplicas do fundo do coração. Devemos amá-Lo com todo coração e confiar Nele.
Freqüentemente em uma conversação casual, as pessoas chamam de oração aquilo que na realidade não é uma oração. Por exemplo, um indivíduo foi à Igreja, alí permaneceu olhando em volta, ouviu os cânticos e depois comentou: "Eu rezei a Deus." Ou então, ficou diante dos ícones em casa, baixou a cabeça por diversas vezes, pronunciou mecanicamente palavras decoradas e declarou: "Eu rezei a Deus." Na realidade em ambos os casos a pessoa não rezou para Deus com seus pensamentos e seu coração; apenas executou de forma superficial.
Na Igreja de Deus as pessoas simples, os fiéis e as boas almas — são como crianças na casa do Pai Celestial; aí elas têm liberdade, aí é tudo leve e tranqüilo. Na Igreja, os verdadeiros cristãos antegozam o futuro Reino, que lhes foi preparado desde o dia da criação do mundo, a futura libertação de todos os pecados e da morte, futura tranqüilidade e graça.
A oração é a elevação da mente e coração a Deus. Disto é evidente que não consegue rezar aquele que tem a mente e o coração atados a algo carnal, como por exemplo, ao dinheiro, à honra, ou quem odeia ou tem inveja do próximo. Isto acontece porque as paixões amarram o coração no momento em que Deus lhe dá a verdadeira liberdade.
Se esforce para a simplicidade da criança no trato com as pessoas e na oração a Deus. A simplicidade é a maior benção e dignidade da pessoa. Deus é totalmente simples, pois é totalmente espiritual e bom. Não permita que a sua alma se divida para o bem e o mal.
Durante a oração lembra a si mesmo sobre a simplicidade da verdade e diga: "Tudo é simples!" — Eu creio com simplicidade e rogo com simplicidade; mas sua astúcia, minha inimiga, suas dúvidas e pensamentos — eu rejeito." A fonte e o fundamento de toda tua atividade mental, suas palavras e ações que sejam o humilde reconhecimento da sua insignificância é a grandeza de Deus, Que criou e controla tudo.
Quem está infectado pelo orgulho, está inclinado a desprezar tudo. Ao orgulho é peculiar profanar qualquer pensamento decente, qualquer palavra e ação. Ele é a respiração mortífera de satanás.
Quando estiver orando, é essencial tomar o poder do nosso coração e dirigi-lo até o Senhor. É necessário que ele não seja frio nem possua duas faces. Em caso contrário, qual o benefício de nossa oração? Será que é bom ouvir a repreensão do Senhor? "Este povo sòmente Me honra com os lábios; seu coração, porém, está longe de Mim" (Mat. 15:8). Assim, não fiquemos diante do Senhor com o espírito enfraquecido e sim, deixemos que ele se inflame quando O servimos. Afinal, até as pessoas dão pouco valor a nossos serviços prestados a elas, quando os executamos por hábito e com frieza. O que Deus quer precisamente é o nosso coração: "Filho, dá-me teu coração" (Prov. 23:26). Pois o coração — é a parte mais importante na pessoa. Conseqüentemente, aquele que não ora a Deus com todo seu coração, é o mesmo que não tenha rezado. Nossa oração deve ser toda espírito e consciência.
Pedindo a Deus diversas bênçãos, creia que Ele é tudo para todos. Se você Lhe pede saúde, creia que Ele é a sua saúde; pedindo fé — Ele é a sua fé; se pedir amor — Ele é o seu amor; pedindo paz e alegria — Ele é sua paz e sua alegria; se pedir ajuda em circunstâncias difíceis — Ele é a sua ajuda e sua proteção. Qualquer benção que você Lhe tenha pedido, Ele é precisamente essa benção. Se Ele julgar pertinente, Ele dará à você tudo aquilo que Lhe pede.
Se quiser pedir algo a Deus, antes de fazer a oração, prepare a si mesmo com uma fé firme, forte tomando medidas contra as dúvidas. Seria danoso se durante a oração seu coração se extenuasse na fé. Com isso nem pense que vai receber aquilo que pediu, pois, através de sua dúvida você ofendeu a Deus. O Senhor disse, que "tudo o que pedírdes com fé na oração, vós o alcançareis" (Mat. 21:22). Isto significa que se você pedir com dúvidas, não receberá. "Se tiverdes fé, e não duvidardes, — diz Ele, — então podereis remover montanhas." "Não pense, portanto, tal homem que alcançará alguma coisa do Senhor; — nos ensina o apóstolo Tiago, — pois é um homem irresoluto, inconstante em todo o seu proceder" (Tiago 1:7-8).
O coração da pessoa que dúvida que Deus possa lhe dar aquilo que pediu, é punido por essa dúvida: ele é dolorosamente atormentado e envergonhado pelo seu cepticismo. Não desgoste pois a Deus Todo Poderoso nem com alguma sombra de dúvida, principalmente você, que tem experimentado por muitas vezes a Onipotência de Deus. A dúvida é a mentira que se aninha no coração do espírito das mentiras... Lembre-se, que durante os seus pedidos Deus espera uma resposta afirmativa à pergunta que Ele fez no seu íntimo: "Credes que Eu posso fazer isso?" — Então você deve responder do fundo do seu coração: "Creio, Senhor!" (Mat. 9:28). Aí então será pela sua fé. Os pensamentos a seguir podem ajudá-lo a não se entregar à dúvida.
1) Eu estou pedindo por uma benção existente e não imaginária ou fantástica, e tudo que existe e foi criado por Deus, e "tudo foi feito por Ele, e sem Ele nada foi feito" (João. 1:3). Além disso, Deus chama à existência as coisas que estão no nada (Rom. 4:17). Isto significa que se eu Lhe pedir algo que não existe, Ele poderia criar e me dar esse algo que pedi. 2) Eu peço aquilo que é possível, mas para Deus o que é impossível para nós é possível para Ele. Isto significa que também sob este aspecto não existem obstáculos. Nossa desgraça está no raciocínio míope que se mistura à nossa fé — essa aranha que caça a verdade com suas teias de determinações e analogias. A fé imediatamente abraça e vê tudo, e a razão chega com rodeios à verdade. A fé é o meio da comunhão entre o espírito com o Espírito, enquanto que a razão é o meio do sentimento com a sensualidade. Um é o espírito, o outro — a carne.
Nossa esperança em obter aquilo que pedimos durante a oração se baseia na fé e na graça de Deus. Quando dizemos: "Porque Deus é misericordioso e generoso e que ama a humanidade," — nós nos lembramos dos incontáveis fatos da graça de Deus concedida àquelas pessoas mencionadas nas Sagradas Escrituras e nas escritas dos Santos, assim como a nós mesmos. É por esta razão que o êxito da oração auxilia, quando a pessoa já recebeu anteriormente aquilo que pediu, e creu nisso com firmeza e com o coração. Nós sempre recebemos aquilo que pedimos, quando o pedido refere-se à salvação de nossa alma. Tudo de bom que acontece deve ser atribuído ao Senhor e não a qualquer circunstância... Muitas pessoas não oram, pois, para elas parece que Deus não ouve suas orações. Outras consideram a oração como algo desnecessário, alegando que Deus sabe das nossas necessidades, mesmo antes de pedirmos. Elas se esquecem do que foi dito: "Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto" (Mat. 7:7). A oração é indispensável justamente para reforçar nossa fé, sòmente através da qual poderemos ser salvos. Está escrito: "Porque é gratuitamente que fostes salvos mediante a fé" (Efé. 2:8); "Ó mulher, grande é tua fé!" (Mat. 15:28). Foi por isto que o Salvador mandou a mulher cananéia pedir com intensidade, para despertar a fé dela.
Orando à Mãe de Deus, aos anjos e santos, nós os reconhecemos como sendo o único corpo misterioso da Igreja, ao qual nós também pertencemos, e cremos que Eles, pelo seu amor por nós, oram a Deus pela nossa salvação. Orando pelo repouso dos falecidos, nós também os consideramos como sendo um só corpo espiritual conosco e lhes desejamos paz e tranqüilidade na terra imortal, professando que eles estão vivos em suas almas.
Vida Cristã, Zêlo, Paciência e Determinação.
Nosso eu interior enxerga mais claramente pela manhã, quando seu olhar espiritual ainda não está nublado pela agitação mundana e tentações do maléfico. Aí então ele é igual a um peixe que emergiu à superfície das profundezas do mar. O resto do tempo, ele é envolvido por uma escuridão impenetrável; seus olhos estão cobertos com uma venda doentia, escondendo dele a ordem genuína das coisas. Por esta razão capturem as horas matinais. Estas horas são como se fosse uma nova vida renovada. Elas nos indicam o estado em que nos encontraremos quando estivermos renovados no amanhecer do dia da ressurreição geral.
Se esforcem em passar pelo menos um dia conforme os mandamentos de Deus, e vocês verão por si mesmos como é bom cumprir a vontade de Deus. Amem ao Senhor pelo menos como vocês amam os seus pais e seus benfeitores; valorizem Seu amor e Sua graça para com vocês. Recordem mentalmente de como Ele lhes deu a vida e com ela todas bênçãos, de como Ele tolera com muita paciência seus pecados freqüentes, de como Ele muitas e infinitas vezes os perdoa pela força dos sofrimentos e morte na cruz de Seu Filho unigênito; lembrem-se quanta felicidade Ele lhes prometeu na eternidade, se vocês forem fiéis a Ele. Outrossim, amem a todos, ou seja, não desejem a eles aquilo que não querem para si; pensem e sintam para eles igual vocês pensam e sentem para si; não queiram ver neles nada daquilo que não queiram ver em vocês mesmos; deixem que a sua memória não guarde o mal causado a vocês pelos outros, para que seja esquecido pelos outros o mal causado por vocês; não suspeitem de ninguém em nenhum crime ou algo sórdido e imaginem os outros como sendo bem intencionados, assim como vocês mesmos são. Pelo menos não façam para os outros aquilo que vocês não fazem para si próprios, — e vocês sentirão seu coração tão cheio de paz e tranqüilidade! Vocês estarão no paraíso antes do advento do céu. "O Reino de Deus — diz o Salvador, — já está no meio de vós" (Luc. 17:21). "Quem permanece no amor — ensina o Apóstolo — permanece em Deus e Deus nele" (1 João. 4:16).
Comece a cumprir os mandamentos que se referem a pequenas coisas, e você conseguirá cumprir os mandamentos que se referem às grandes coisas; todas as pequenas coisas levam às grandes. Comece a cumprir pelo menos o mandamento sobre o jejum às quartas e sextas-feiras, ou o décimo mandamento que se refere aos maus pensamentos e desejos, e você conseguirá cumprir todos os mandamentos, "mas o descrente nas pequenas coisas é descrente nas grandes."
Nossa carne, quando está fraca, perde o ânimo e se lamenta, mas quando está saudável e goza dos prazeres da carne aí então salta e celebra com júbilo. Não se deve dar atenção aos sentimentos enganosos da carne. É preciso aprender a rejeitar qualquer jogo da carne e êxtase. É preciso suportar pacientemente as aflições e as doenças, ser forte de espírito e colocar toda confiança em Deus.
A vida — é uma grande ciência, a qual não é fácil de estudar. Ela é um caminho apertado e um portão estreito. Quem não começou desde a infância a aprender a ciência da vida guiada pelo Evangelho, não aprendeu a crer em Deus, não foi acostumado a venerá-Lo, é incapaz de discernir com clareza o bem do mal — terá dificuldades em aprender nos anos subseqüentes de sua vida. Embora outras pessoas irão considerá-lo inteligente, na vida escolar ele será um total ignorante. Ele poderá não ser hábil na vida familiar e nas atividades sociais — por exemplo, pelo motivo de seu caráter anti-social ou outros maus hábitos. Ele poderá suportar uma catástrofe em sua vida como se fosse um barco sobrecarregado solto em alto mar sem o leme, aparelhagem e sem velas.
A ciência das ciências — é a conquista das paixões ativas dentro de nós. Grande sabedoria, por exemplo, é não ficar zangado e nem pensar mal de ninguém, mesmo que alguém nos tenha causado mal. Sabedoria significa desprezar a avareza e amar a benevolência, desprezar as guloseimas e contentar-se com o alimento simples ingerido com moderação. Sabedoria é não mentir para ninguém e sim, sempre dizer a verdade destemidamente; sabedoria é não se cativar pela beleza do rosto, e sim respeitar a beleza da imagem de Deus em todas as pessoas. Sabedoria é amar os inimigos e não se vingar deles através de atos, palavras ou em pensamentos. Sabedoria é não acumular riquezas e sim, dar esmolas aos pobres para obter os tesouros no céu. Ah! Nós quase que estudamos todas as ciências, porém, ainda não aprendemos nada de como nos afastarmos do pecado, e, desta forma freqüentemente nos mostramos completos ignorantes na ciência da moralidade. E o resultado é que os verdadeiros sábios eram santos, discípulos do Mestre-Cristo, enquanto que nós que somos chamados de eruditos somos — ignorante, e com freqüência quanto mais escolaridade temos, mais ignorantes somos por não termos conhecido aquilo que é mais importante e nos subjugamos a diferentes impetuosidades.
As pessoas que se esforçam para viver espiritualmente vivem os maiores conflitos em seus pensamentos. É preciso observar continuamente nossos pensamentos e rejeitar aqueles que provêm do mal. É preciso que o nosso coração esteja sempre em chamas pela fé humildade e amor. Em caso contrário dentro dele poderá se instalar a astúcia do diabo, e com isto — a diminuição da fé e toda sorte de mal, o qual dificilmente será lavado mesmo que seja com lágrimas. Por esta razão, não permita que seu coração esteja frio, principalmente durante a oração; evite de todas as maneiras a fria indiferença... Orando fortaleça a si e ao seu coração.
Nós possuímos um barômetro fiel, o qual indica a elevação ou declínio de nossa vida espiritual, que é — o coração. Ele também pode ser chamado de bússola, a qual nos mostra para onde devemos nadar. Ela nos mostra se estamos caminhando para o nascente espiritual — Cristo, ou para o poente — para o escuro domínio do diabo, este soberano da morte. Por este motivo, olhe com atenção para a sua bússola interior, e ela lhe indicará o caminho certo.
A consciência de cada pessoa é o raio de luz do único que a todos ilumina com o Sol de Deus espiritual. Através da consciência o Senhor Deus controla todos, como Rei Justo e Onipotente. E como é poderosa Sua potência através da consciência! Ninguém tem a força para silenciar totalmente sua voz. Ela fala sem preconceitos para todos e para cada um, como a voz do Próprio Deus! Graças à consciência, nós todos somos como um só com Deus. É por isso que os Dez Mandamentos são dirigidos como se fosse a uma só pessoa: "Eu sou o Senhor teu Deus. Não terás outros deuses diante de Minha face... Não farás de ti escultura... Lembra-te de santificar o dia de sábado... Honra teu pai e tua mãe... Não matarás, não cometerás adultério," e assim por diante (Ex. 20:1-17). Ou: "Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração... e ao teu próximo, como a ti mesmo" (Mar. 12:30-31), pois ele é totalmente o mesmo que eu.
Durante toda a vida cuide do seu coração e observe, o que impede sua união com Deus. Esta será para você a ciência das ciências, e com a ajuda de Deus você se acostumará a perceber rapidamente o que distância você de Deus e o que o aproxima Dele. O "astucioso" se empenha muito para ficar entre o nosso coração e Deus. É exatamente "ele" que nos afasta de Deus com várias impetuosidades: a luxúria da carne, através dos olhos e do orgulho cotidiano.
Saiba distinguir dentro de você entre o Espírito Vivificante e o espírito da morte. Quando há bons pensamentos dentro de sua alma, você se sente bem e leve, você sente tranqüilidade e alegria: isto significa que o Espírito Santo está em você. E quando há em você maus pensamentos ou inclinações ruins do coração, você sente peso e inquietação. Isto significa que dentro de você está o mau espírito. O espírito mau é o espírito da dúvida, descrença, paixão, constrição, aflição, confusão: e o espírito bondoso é o espírito da fé indubitável, espírito da benevolência, espírito da liberdade e expansão espiritual, espírito da paz e alegria. Através destes indícios reconheça qual espírito atua em você.
"Quem não está Comigo — diz o Senhor, — está contra Mim" (Luc. 11:23). Você deve aspirar durante toda sua vida, em progredir na vida espiritual, elevar-se cada vez mais; aumentar a riqueza de suas boas ações. Se nós nos mantemos estáticos em nossa perfeição moral é o mesmo que escorregarmos para trás. Não adquirir é o mesmo que perder.
Seja moderado em toda obra religiosa, pois até mesmo a virtuosidade deve ser prudente, em conformidade com as forças e circunstâncias do tempo e lugar. Por exemplo, é bom fazer a oração com o coração limpo, mas, caso não haja logo correspondência com o vigor físico, em várias circunstâncias, lugar e tempo, então ela já não será virtuosa. É por isso que o Apóstolo Pedro ensina: "Por estes motivos, esforçai-vos quando possível por unir à vossa fé a virtude, à virtude a ciência, à ciência a temperança, à temperança a paciência" (Ped.1:5-6).
O dia é o símbolo da velocidade da vida terrestre: vem o amanhecer, depois o dia. Em seguida o entardecer, e com a chegada da noite passou o dia todo. Assim também a vida passará. Inicialmente a infância, igual ao amanhecer, depois a adolescência e a idade adulta, igual à plena alvorada e o meio-dia, e depois, a velhice, igual à noite, e se Deus quiser, depois — a morte inevitável.
Desde que o homem se desprendeu da graça de Deus, ele tal qual um animal doméstico que ficou feroz, já passa a olhar sua morada anterior com relutância. Ele gosta mais das trevas da floresta, ou seja deste mundo, do que da luz de sua morada anterior, ou seja o paraíso de Deus. É difícil para o homem se unir a Deus, mas, quando se une, se afasta rapidamente Dele. É difícil para ele acreditar sinceramente em Deus e em tudo que Ele revela.
Olhando para o mundo de Deus, eu vejo em toda parte a magnitude extraordinária e os divertimentos da vida: no reino animal entre os quadrúpedes, entre os répteis, insetos, pássaros e peixes. Então questiona-se: de onde provêem a opressão e tristezas das pessoas, as quais se esforçam para viverem virtuosamente? Afinal Deus derramou por toda parte, vida, abundância, alegria e plena liberdade. Toda criação, com exceção do homem, exalta o Criador com contentamento e alegria brincalhona. Será que eu não sou criação deste mesmo Criador? A chave é simples: nossa vida é envenenada pelos nossos pecados e pelo inimigo invisível. Ele ataca principalmente as pessoas que agem com virtuosidade. Por esta razão a verdadeira vida do homem — está na frente, na próxima vida. Ali serão reveladas a ele todas as alegrias e total contentamento. Aqui, ele é um exilado que está sob punição. Às vezes é como se toda a natureza estivesse contra ele pelos seus pecados. E assim, eu não me perturbo pelo fato de que no mundo todo há alegria e abundância, enquanto que em você há tristeza. Nós possuímos um carrasco para os pecados, o qual está sempre conosco e nos espanca. Mas também para nós haverá alegria, porém não aqui, e sim no outro mundo.
Guarde bem na memória que você é uma dupla pessoa: uma — carnal, doente pelas paixões e primitivo. É preciso matar esta e não se render diante suas insistentes exigências pecaminosas. A outra pessoa- espiritual, nova, que procura por Cristo, que vive de Cristo e obtendo vida e paz Nele. Assim como é preciso desprezar as exigências da primeira pessoa, de todas as maneiras, pois, a realização delas é mortal para a alma, é preciso realizar as exigências da segunda pessoa, pois elas levam à vida eterna. Tome sobre si a tarefa no sentido de executar aquilo que você entendeu.
Conheça o seu mal espiritual, e ore com fervor constantemente ao Salvador, para que Ele também possa salvá-lo. Não diga para si mesmo: "Eu sou seguro, não preciso me preocupar com nada." Aí é que está a desgraça, que você, estando em grande miséria, não consegue vê-la. Sua desgraça — são os seus pecados.
Como eu estou prejudicado pelo pecado! Algo ruim e impuro facilmente vem à mente e tem uma repercussão imediata no coração, enquanto que o bom e santo freqüentemente apenas é pensado e dito, mas não é sentido. Ai de mim! Até agora o mal está mais próximo do meu coração do que o bem. Apenas penso em algo ruim, e imediatamente estou pronto para praticá-lo, e o faria, caso o medo de Deus ou as circunstâncias não me refreassem. E o bem com freqüência só é desejado pela pessoa interior, mas, faltam força e vontade para realizá-lo (Rom. 7:18,19). Freqüentemente a ação bem intencionada é guardada bem no fundo de um baú.
Grande parte das pessoas carrega voluntàriamente em seu coração o peso satânico, mas estão tão acostumadas com isto, que nem o sentem. Às vezes porém o inimigo maldoso decuplica neles o peso, e aí então eles desanimam, se desesperam e até blasfemam contra o nome de Deus. O método usual das pessoas desta era, para dispensar o peso interior é — o teatro, cinema, noitadas, baralho, bailes. Mas depois disso os sentimentos de tédio e descontentamento voltam com muito mais força. Quantas pessoas abandonaram o Senhor, Fonte da água viva, e cavaram para si poços avariados os quais não conseguem reter a água (Jer.2:13). Sòmente quando as pessoas se dirigem para Deus, o peso do pecado sai do coração, e elas começam a entender os motivos de sua falta de satisfação e também como combate-las. Que ninguém pense que o pecado é algo sem importância. Não, o pecado é um mal terrível que mata a alma! O pecador será atado pelas mãos e pelos pés e se precipita numa escuridão infernal. O Salvador diz: "Amarra-lhe os pés e as mãos e lançai-o nas trevas exteriores" (Mat. 22:13). Isto significa que os pecadores perderão totalmente a liberdade de suas forças espirituais. Tendo sido criados para uma atividade livre, eles se encontrarão aprisionados por uma certa inércia fatal para o bem. Os pecadores irão perceber em si suas habilidades espirituais individuais e ao mesmo tempo irão se sentir presos a correntes invioláveis. Eles se tornarão prisioneiros dos próprios pecados (Prov. 5:22). Acrescentem a isto a agonia pela consciência do seu desatino, o qual desgostou o Criador. Pois se ainda em nossa presente existência o pecado prende e mata a alma. Quem entre os verdadeiros fiéis não conhece a aflição e constrição que atingem a alma, que fogo reina com fúria no peito após cometer qualquer pecado? Se por exemplo, acontecer de algum dos tementes a Deus irem dormir sem terem se arrependido de qualquer pecado cometido durante o dia, sua consciência irá atormentá-lo e incomodá-lo durante a noite inteira, enquanto ele não se levantar e se arrepender com sinceridade dos pecados e não lavar seu coração com lágrimas. (Isto é uma experiência). Agora, suponhamos que este mesmo homem, torturado por seus pecados, tenha uma morte súbita durante a noite. Não é óbvio que a alma partirá para o outro mundo se torturando? E como após a morte não há lugar para o arrependimento, a alma ficará se torturando eternamente em proporção ao peso dos seus pecados. A Sagrada Escritura também testemunha a este respeito (Mat. 25:46; Rom. 2:6, 9; 2 Cor. 5:10 e outros).
As preocupações de todos os dias são como a neblina, que cobre o horizonte mental da alma e obscurece a visão do coração. Por esta razão, aprenda a não se preocupar com nada, mas sim confie todas suas aflições e preocupações ao Senhor. Não se preocupe quando você tiver de gastar para ajudar os necessitados: isto contribuirá para uma nova e ainda maior generosidade de Deus para você.
Purificação da Consciência. Confissão.
Uma terrível verdade. Os pecadores que não se arrependeram perdem, após a morte, a possibilidade de mudar para o melhor e ficarão entregues permanentemente a eterno tormento. Como provar isto? Evidentemente isto é provado pela real condição de alguns pecadores e a natureza do próprio pecado — manter a pessoa em sua prisão, barrando todas as saídas. Quem é que não sabe como é difícil para o pecador sem a benção particular de Deus, se desviar do seu caminho preferido do pecado para o caminho da virtude! Como são profundas as raízes que o pecado deixa dentro do coração do pecador; como ele modifica a própria visão do pecador, de tal maneira que ele começa a enxergar as coisas diferentes daquilo que elas são na realidade, ou seja, ele percebe o repulsivo como se fosse algo encantador. É por isso que nós vemos que os pecadores com freqüência não percebem sua própria decadência e não pensam na conversão penitente para Deus: a vaidade e o orgulho cegaram seus olhos. Quando eles começam a se reconhecerem como pecadores, aí então entram em desespero, o qual derrama uma profunda escuridão em suas mentes e endurece seus corações. Se não fosse a graça de Deus, quem dos pecadores se dirigiria a Ele? Entretanto o tempo e o lugar para a ação das graças estão determinados apenas aqui neste mundo. Após a morte sòmente as orações da Igreja podem influir sobre a alma, a qual ainda conserva a receptividade para a luz espiritual, graças às suas boas ações anteriores. O pecador que não se arrependeu — é sem dúvida nenhuma, filho da perdição.
Quando você peca, e seus pecados irão atormentar e queimar você, então rapidamente recorra ao Único Sacrifício dos pecados, Eterno e Vivo, e coloque todos os seus pecados diante Dele. Você não encontrará salvação de nenhuma outra maneira. Nem pense em salvar-se por si mesmo.
Por que será que a alma pecadora não recebe o perdão dos pecados antes de sentir profundamente todos seus desatinos e ruínas? É porque pecando, ela reconhecia os pecados como sendo agradáveis e admiráveis, e assim, se arrependendo, ela deve reconhece-los como perniciosos e falsos. Assim como o desejo pelo pecado nasce no coração, também a libertação dele deve vir acompanhada de dor no coração.
O arrependimento genuíno é auxiliado pela consciência, memória, imaginação, sentimento e vontade. Como nós pecamos com todas as forças da alma, também devemos nos arrepender com toda a alma. O arrependimento apenas na palavra, sem nenhuma intenção de correção e sem sentimento de contrição é chamado de hipócrita. O reconhecimento dos pecados é ofuscado pelo estilo de vida negligente — é preciso iluminá-lo; o sentimento fica entorpecido — é preciso despertá-lo. É dito: "...o Reino dos céus é arrebatado à força e são os violentos que O conquistam" (Mat. 11:22). Conseqüentemente a confissão deve ser de coração, profunda e completa.
Para onde levam o jejum e o arrependimento? Para que o esforço? Eles levam à purificação dos pecados, a tranqüilidade da alma e a unificação com Deus. Existe uma razão para jejuarmos. A recompensa pelo esforço consciente não tem preço. Mas será que em muitos de nós existe o sentimento filial para com Deus? Será que muitos de nós invocamos calorosamente O Pai Celestial com as palavras Pai nosso? Não será o oposto, que em nossos corações não se ouve a voz filial porque ela está abafada pela agitação e pelo apego aos prazeres? Sim, pelos nossos pecados nós todos merecemos Sua justa punição; e é maravilhoso que Ele tem piedade tão prolongada por nós e não nos derruba como uma figueira estéril. Por isso examinemos com todo rigor nosso coração impuro e veremos quantas impurezas impedem a aproximação da Graça Divina e nos apressemos a nos conciliar com o Senhor, com arrependimento e lágrimas.
Comparando a confissão com uma operação, dizem: você suporta uma operação difícil e dolorosa e estará curado. Isto significa que em confissão deve-se revelar todos seus atos vergonhosos ao seu pai espiritual, embora isso o machuque, envergonhe e o rebaixe. Em caso contrário, a ferida fica incurável, vai doer e aguçar a saúde da alma e a infecção irá se alastrar por outros membros sãos. O sacerdote é o doutor espiritual. Mostre-lhe as feridas, não tenha vergonha, com sinceridade e com confiança infantil: afinal o seu pai confessor é o seu pai espiritual. Ele tem a incumbência de amar suas crianças espirituais, e o amor de Cristo é maior do que o amor físico. Ele deve responder por você diante de Deus. Por que nossa vida ficou tão impura, cheia de impetuosidades e hábitos pecaminosos? É porque muitos escondem suas úlceras espirituais, as quais doem e se inflamam cada vez mais.
Quem se acostumar a prestar contas de seus atos em confissão nesta vida, não terá medo de prestar contas no Dia do Julgamento de Cristo. Para isto foi estabelecido aqui um breve tribunal de arrependimento, para que nós, purificados e corrigidos, possamos, sem nenhuma vergonha dar uma resposta no julgamento de Cristo. O reconhecimento deste fato deverá nos estimular a, pelo menos uma vez por ano, confessarmos nossos pecados com sinceridade. Quanto mais tempo adiarmos nosso arrependimento, pior será para nós, os nós dos nossos pecados estarão mais emaranhados e mais difícil será desembaraçar nosso coração. E ao contrário: quanto mais sincera for a confissão, tanto mais tranqüilidade na alma. Pecados — são serpentes furtivas, que mordem o coração da pessoa e não lhe dão paz. Pecados — são espinhos agudos cravados na alma. Pecados — são a escuridão espiritual. Para se livrar completamente da úlcera do pecado, é preciso produzir frutos de arrependimento.
É preciso confessar os pecados com mais freqüência para que com reconhecimento honesto, seu orgulho seja fustigado e você sinta repulsa por eles. Pense na miséria em que o pecado o lançou e naquilo que o Senhor Jesus Cristo fez para a sua salvação. Lembre-se da encarnação Dele, de Sua aproximação com as pessoas, de Seus ensinamentos e milagres, lembre-se que Ele suportou numerosas zombarias, palavras injuriosas, cusparadas e espancamentos, e como Ele finalmente recebeu a crucificação agonizante, a morte ignominosa e o sepultamento, e depois, na Glória Divina, ressuscitou dos mortos. Tudo isto Ele fez para nos livrar dos tormentos eternos. Por isso se entregue totalmente a Ele, seu Benfeitor, viva para Ele, cumprindo os Mandamentos Dele. Evite tudo aquilo que leva ao pecado, como: desejos da carne, desejos através da visão e orgulho mundano; crucifique sua carne junto com seus desejos e luxúria; salve sua alma através da paciência, ame a Deus e ao próximo como a si mesmo.
Nós dizemos: se não tivesse visto, não teria sido tentado; se não tivesse ouvido, o coração não teria doído; se não tivesse provado, não estaria querendo... Vocês viram, quantas tentações através dos nossos olhos, ouvidos e tato. Por não terem sido fortes de coração nas boas intenções, muitas pessoas sofrem por terem vislumbrado negligentemente com olhos devassos, ouviram com os ouvidos não acostumados a diferenciar o bem e o mal, saborearam com voracidade. Os sentimentos dos que amam o pecado e possuem voracidade carnal, não contidos pela razão e os mandamentos de Deus, os induziram a várias paixões mundanas, obscureceram suas mentes e seus corações, privaram-nos da paz interior e os escravizaram. Com que cuidado é preciso olhar, ouvir, saborear, cheirar e sentir, preservar nosso coração, para que através dos sentimentos externos assim como através de uma janela, o pecado não penetre em nós, ou, pior ainda, o próprio culpado do pecado — o diabo, e com isto não nos derrote com seu veneno letal.
Se você se jogar na comida ou bebida com voracidade, você será — carne, e se você jejuar e orar, você será — espírito. "Não vos embriagueis com vinho, que é uma fonte de devassidão, mas enchei-vos do Espírito" (Efé. 5:18). Jejue e ore, e você realizará grandes feitos. O saciado não tem capacidade para realizações.
Assim como para um recém nascido é indiferente que roupa irão vestir nele, o cristão — criança em Cristo — deverá ser indiferente e na variedade e sofisticação das roupas, considerando a Cristo Deus como sua melhor indumentária, conforme está escrito: "Todos vós que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo" (Gal. 3:27). E a paixão pelas roupas caras e belas é própria das pessoas desta era, — "São os pagãos que se preocupam com tudo isto" (Mat. 6:32). A roupa refinada — é o ídolo das pessoas da época atual. Ó, como nós somos vaidosos, nós que fomos chamados para o contato com Deus, para quem foi prometida a herança de bênçãos incorruptíveis e eternas! Como são confusos nossos entendimentos sobre as bênçãos incorruptíveis! Como somos insensatos quando damos importância a assuntos triviais e não valorizamos as bênçãos incorruptíveis: paz espiritual e alegria, a proximidade com Deus, tesouros dos virtuosos, Santidade, eterna graça na outra vida. — Assim sendo, é preciso aprender a valorizar as bênçãos espirituais, e desprezar os bens materiais, assim como os perecíveis e insignificantes.
Quanto mais você puder, seja dócil, humilde e simples no tratamento com os outros, e considere-se sempre inferior o mais pecador e o mais fraco de todos. Diga para si mesmo: Dentre os pecadores — o primeiro sou eu ." Do orgulho provém a pomposidade e um modo frio falso de tratar o próximo.
Observe atentamente a manifestação do orgulho: ele entra furtivamente, sem que se perceba, especialmente quando você está magoado com alguém por motivos banais.
Se você quer ser humilde, então se considere merecedor de todo tipo de animosidade e maledicência dos outros. Não se irrite quando te censuram ou denigrem. Diga: "Seja feita a Tua vontade, Santo Pai." Lembre-se o que foi dito pelo Salvador ...: o servo não é maior do que o seu Senhor... Se o mundo vos odeia, sabei que Me odiou a Mim antes que a vós" (João. 13:16; 15:18).
Lembre-se dos pronunciamentos da Sagrada Escritura: "Não te deixes vencer pelo mal, mas triunfa do mal com o bem" (Rom. 12:21). Quando as pessoas são rudes com você, irritam você, respiram sobre você com desconfiança e maldade, não pague com a mesma moeda, e sim, permaneça quieto, dócil e carinhoso, respeitando e amando aqueles que se comportam indignamente diante de você. Se você se perturbar e começar a replicar com agitação, falar rudemente e com desprezo, isto significa que você mesmo está dominado pelo mal e torna-se necessário para você se lembrar do dito: "Médico, cura-te a ti mesmo," ou "Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu?" (Luc. 4:23; Mat. 7:3-5). Não se admire então se as afrontas contra você se repetirem: os seus inimigos, percebendo a sua fraqueza começarão a tirar vantagem. E assim, "não te deixes vencer pelo mal, mas triunfa do mal com o bem" (Rom. 12:21). Faça saber aquele que o insultou que ele não magoou a você e sim a sí próprio. Tenha compaixão dele por ele se submeter tão facilmente às suas paixões e doenças espirituais. Quanto mais ele for grosseiro e irritadiço, mais humildade e amor lhe demonstre. Assim você certamente o derrotará. O bem sempre é mais forte do que o mal e por esta razão sempre vence. Lembre-se ainda, que nós todos somos fracos e somos facilmente vencidos pelas paixões. Por isso seja humilde e condescendente para com os que pecam contra você. Afinal você também possui a mesma enfermidade que seu irmão. Perdoe as dívidas aos seus devedores, para que também o Pai celestial perdoe as suas dívidas.
Um indivíduo manifesta rancor por nós, — é uma pessoa doente. É preciso aplicar um emplastro no coração dele — o amor. É preciso dar-lhe carinho, falar com ele gentilmente, e caso o rancor não tenha se enraizado nele e tenha acontecido apenas uma explosão, observem como o coração dele irá se derreter por causa do seu amor. O cristão deve ser sábio para vencer o mal com o bem.
Você não tem vontade de orar pela pessoa que te desprezou, mas é por esta razão que você deve orar e recorra ao Médico, pois você também está doente com rancor e altivez, igual àquele que o desprezou. Ore para que o Senhor o ensine a benignidade e paciência, para que Ele o reforce a amar não apenas os que querem o seu bem mas sim seus inimigos, assim Ele pode instruí-lo de como orar pelos seus inimigos tão sinceramente quanto você ora pelos que lhe querem bem.
O objetivo de nossa vida — é nos unirmos a Deus. Nesta vida nós nos unimos a Ele pela fé, esperança e amor, enquanto que na vida futura — de maneira completa. Mas prestem atenção de como distorcemos este objetivo. Nós amarramos nossos corações a vários objetivos, tanto que com freqüência (que terrível) nosso amor se volta para o dinheiro, para a comida, bebidas, roupas, casa, decoração, ou para as pessoas que gostamos — a ponto de esquecer de Deus. Por causa do apêgo aos bens materiais nós nos orgulhamos, temos inveja, odiamos, mentimos — e aí nós nos unimos diretamente ao diabo, esse portador do mal. Com isto ofendemos nosso Senhor e deformamos a imagem e semelhança Dele dentro de nós. Realmente pensamos muito pouco sobre o que deve ser mais importante para nós — a união com Deus.
Se Cristo está em você através das freqüentes comunhões dos Sacramentos Sagrados, então seja inteiro igual a Cristo: humilde, paciente, cheio de amor, indiferentes às coisas terrenas, pensando no Céu, obediente, sensato; carregue dentro de si, sem falta, o Espírito Dele.
Tendo Cristo dentro do coração, tenha receio de que possa perdê-Lo, pois, com Ele o coração se mantém sereno. É difícil começar de novo. Os esforços de atar-se a Ele nòvamente, depois de cair, custarão muitas lágrimas amargas. Segure-se em Cristo com todas suas forças e não perca sua intrepidez diante Dele.
A vida do coração é amor, e a sua morte é a maldade e a hostilidade. Deus nos mantém na terra para que o amor penetre fundo em nossos corações: este é o objetivo da existência do nosso mundo temporário.
O amor a Deus surge e age em nós no momento em que começamos amar o próximo, como a nós mesmos: quando por ele, que é a imagem de Deus, não poupamos nem a nós nem a nada material quando nos esforçamos ao máximo para salva-lo; quando nos recusamos, para agradar a Deus, negamos satisfação ao nosso estômago, esta percepção corporal, quando nossa razão carnal conquistamos a razão de Deus. A Sagrada Escritura ensina: "Aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê," e "Pois, os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne com as paixões e concupiscências" (1 João, 4:20; Gal 5:24).
Lembre-se de que o Senhor está em todo cristão. Quando seu próximo se aproxima de você, tenha o maior respeito por ele, pois nele está o Senhor. Freqüentemente o Senhor expressa Sua vontade através das pessoas. "Porque é Deus quem, segundo o Seu Beneplácito, realiza em vós o querer e o executar" (Filip. 2:13). Não poupe nada ao seu irmão, assim como para o Senhor. Seja sincero com todos, e para todos seja bondoso e cordial. Lembre-se de que às vezes o Senhor nos dispõe corações dos incrédulos, conforme sucedeu no Egito, quando, Deus confiou a José todos os presos do rei (Gen. 39:21).
Lembre-se que para Deus o homem é um ser grandioso e precioso. Mas esta criatura grandiosa, após a queda pelo pecado tornou-se fraca, subordinada a muitas fraquezas. Amando e respeitando-a como portador da imagem do Criador, suporte também suas fraquezas — diversas paixões e atos indecorosos — igual que a fraqueza do doente. É dito: "Nós, que somos os fortes, devemos suportar as fraquezas dos que são fracos, e não agir a nosso modo... Ajudai-vos uns aos outros a carregar os vossos fardos, e deste modo cumprireis a lei de Cristo" (Rom. 15:1; Gal. 6:2).
Ame qualquer pessoa a despeito de seu estado pecaminoso. Pecado é pecado, porém a base no homem é uma só — a imagem de Deus. Às vezes as fraquezas das pessoas são evidentes, quando, por exemplo, elas são rancorosas, orgulhosas, invejosas, mesquinhas, gulosas. Mas lembre-se que você também não está sem a maldade, e até pode ser que ela esteja em você muito mais do que nos outros. Pelo menos, em relação ao pecado todas as pessoas são iguais: "Todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus" (Rom. 3:23); todos somos culpados diante de Deus e todos necessitamos de Sua misericórdia. Por isso é preciso tolerar uns aos outros e perdoar mutuamente, para que o nosso Pai Celeste perdoe nossos pecados (Mat. 6:14). Veja o quanto Deus nos ama, quantas coisas Ele fez e continua fazendo para nós, como Ele nos pune levemente, mas nos agracia em abundância e com benevolência.
Se você quer endireitar alguém em suas falhas, não pense em endireita-lo unicamente com seus próprios meios, pois nós mesmos praticamos mais o mal do que o bem, como por exemplo, com nosso orgulho e irritabilidade. Porém deponha no Senhor os seus cuidados (Sal. 54:23) e ore de todo coração, para que Ele Próprio ilumine a mente e o coração do homem. Se Ele perceber que a sua oração está infiltrada de amor, então Ele seguramente realizará o seu pedido, e você logo verá a mudança na pessoa pela qual você está orando. "A destra do Altíssimo não é mais a mesma" (Sal. 76:11).
Como o verdadeiro cristão que se esforça para acumular o máximo de boas ações e tesouros de amor, alegre-se por cada oportunidade de poder desmontar carinho pelo seu próximo. Não procure pelos que te demonstrem carinho e amor, e considere-se indigno deles. Alegre-se mais do que tudo quando você tem a oportunidade de ajudar alguém. Demonstre o seu amor com simplicidade, sem segundas intenções, sem qualquer interesse pessoal, lembrando de que Deus — é amor, Criatura simples. Lembre-se de que Ele vê todos os seus pensamentos e movimentos do coração.
Seja corajoso e decisivo para qualquer boa ação, para as palavras de carinho e participação, principalmente — nas ações de compaixão e ajuda. Considere como um pensamento — o desânimo e enfraquecimento em qualquer ato de bondade. Diga: "Embora eu seja o primeiro dos pecadores, tudo posso Naquele que me conforta... Tudo é possível ao que crê" (Filip. 4:13 e Marc. 9:23).
A Igreja — é a grande família de Deus, onde Ele é o Pai, a Virgem Maria é nossa Mãe, os Anjos e as pessoas santas são nossos irmãos, nascidos pela mesma fonte batismal na Igreja, vivificados pelo único Espírito Santo... Os protestantes tendo rompido a ligação com os Santos, perderam a ligação com a Igreja.
Viver na Igreja de Cristo significa sentir a proximidade de Deus e, ao mesmo tempo, a proximidade da Igreja Celeste. — Proximidade, não apenas no sentido das lembranças históricas ou herança da Igreja, e sim como autêntico e real contato da oração com os Apóstolos, mártires, santos, pais sagrados e com todos os justos. Viver na Igreja — significa ter contato com o mundo espiritual, e cada vez mais abrir nosso coração para a entrada da graça de Deus. A comunhão do Corpo e Sangue de Cristo, mistério da Igreja e a oração comunitária — são os meios que Deus nos deu para nos elevar das coisas terrestres, para as celestes.
O inimigo da humanidade se arma contra nós através de pessoas sob seu controle: os orgulhosos pela humilhação e desprezo; através dos incrédulos — com a descrença, pensamento livre e blasfêmia; através de líderes cruéis — com tirania e opressão; por intermédio dos gulosos — com a tentação para as guloseimas, empanturrar-se e bebedeiras; através dos depravados — para a perda da pureza e tendências à perversão; através dos ladrões — com o roubo de nossa propriedade. Ele nos mágoa através dos que odeiam e da inveja; através de pessoas gulosas e ávidas ele nos priva do alimento indispensável, das roupas e moradia. Com a permissão de Deus, sendo o príncipe deste mundo e rei das trevas (João. 16:11; Efé. 6:12), ele se utiliza de todos os recursos acessíveis a ele e aplica todo tipo de ilusão e opressão; ele desperta a raiva na raça humana e se esforça para persuadir todos para o seu lado. Se Toda Sabedoria, Toda Bondade e o Onipotente Pai Celeste não se preocupasse por nós constantemente, e não transformasse a perfídia incontável do sedutor em resultados benéficos, então o maléfico já teria conquistado o mundo inteiro para si há muito tempo, e na terra não restaria nenhuma semente santa (Isa. 6:13).
Quando o demônio penetra no coração, a alma então, de maneira incomum se constrange e se torna sombria, tudo começa a irritá-la e ela senta aversão por toda e qualquer boa ação; nas palavras ou ações dos outros, ela vê más intenções, e por isso sente por eles um ódio profundo e mortal. Se enfraquece e se joga à vingança. "Pelos seus frutos os conhecereis" (Mat. 7:20).
Não sejam juízes impiedosos das pessoas que trabalham para Deus e aquelas que às vezes agem contra os princípios cristãos de bondade, os quais eles reconhecem e respeitam. É o demônio, o mau antagonista deles que os coloca contra só mesmos. Ele se agarra forte com os dentes nos corações delas e as impede de agir contra suas próprias convicções.
Quando o seu coração está assustado com o inimigo invisível, o qual lhe causa confusão, aperto e queda no espírito, não propague, para que, em lugar de benefício você receba tentação. Não faça nenhuma censura nessa hora, pois ela só irritaria e não corrigiria. Geralmente, quando o inimigo se aninha na alma, é preciso ficar calado pois então não somos dignos da palavra, a qual é presente de Deus-Palavra. Expulse o inimigo e instale a paz em seu coração — e aí então fale.
Folheto Missionário número P010
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Editor: Bishop Alexander (Mileant)
john_kronstadt_p.doc 4-23-2002
Edited by Paulo Iakimoff