Vidas Escolhidas

Dos Santos de

Setembro-Outubro.

(Bispo Alexander Mileant)

 

Conteúdo:

Demência Por Cristo.

Setembro

Venerável Simeão Do Pilar.

Mártir Vassilissa

Santos Zacarias E Elizabeth

Venerável Mártir Raissa.

Virtuosos Joaquim E Anna.

Grande Mártir Nikita

Mártir Princesa Ludmila.

Mártires Vera, Nadejda, Liubov E Sofia.

Outubro

Mártires Príncipe Michael E Nobre Theodoro.

Fiel Devoto Príncipe Oleg De Briansk.

São Dimitri De Rostov

Venerável Sérgio De Radonez.

Fiel Príncipe Venceslav.

São Miguel De Kiev.

Venerável Roman O Melodioso (Que Canta Com Doçura).

Bem Aventurado André, Demente Por Cristo.

Martires Domnia, Verônica E Proscudia.

Venerável Pelágia.

Venerável Taissia.

Mártir Zenaide.

Mártires Cosme, Damião, Leôncio E Outros.

Novembro

Venerável Padre João De Kronshtadt.

Santo Apóstolo Tiago.

O Grande Mártir Dimitri.

Grande Mártir Parasqueva.

Venerável Mártir Anastácia A Romama.

 

 

Demência por Cristo

Setembro

Venerável Simão (do Pilar)

Mártir Vassilissa

Virtuosos Zacarias e Elizabeth

Venerável Mártir Raissa

Virtuosos Joaquim e Ana

Santo Mártir Niquita

Mártir Ludmila

Mártires Vera, Nádia, Liubov e Sofia

Mártires príncipe Michael e seu conselheiro Theodoro

Abençoado príncipe Oleg, de Briansk

São Dimitrii de Rostov

Venerável Sérgio de Radonez

Abençoado príncipe Venceslau

São Michael de Kiev

Outubro

Venerável Roman o Cantor

Abençoado André, demente por Cristo

Mártires Domnina, Verônica e Proscudia

Venerável Pelágia

Santa Thaisia

Mártir Zenaide

Mártires Cosme, Damião e Leôncio

O Justo João de Kronshtadt

Apóstolo Tiago, irmão do Senhor

Grande Mártir Dimitrii

Grande Mártir Parasqueva

Venerável Mártir Anastácia a Romana

 

 

Demência Por Cristo.

Demência por Cristo é um dos feitos espirituais difíceis e inexplicáveis. A palavra "demência" significa loucura. Alguns homens justos que nasceram normais e até muito inteligentes, fingiam-se de dementes por uma grande causa. No decorrer da história a demência provocava reações duplas nas pessoas. Em algumas ela provocava malícia e aversão e então essas pessoas perseguiam os dementes, os agrediam e riam deles. Em outras essa demência fazia as pessoas sentirem simpatia e compaixão involuntárias.

De acordo com as explicações do venerável Serafim de Sarov, a devoção dos dementes por Cristo exige uma força de espírito especial, e ninguém poderia assumi-la sozinho, sem ser designado por Deus — ou poderia "fracassar" e tornar-se um falso — demente. O cristianismo ocidental contemporâneo não consegue entender e nem valorizar a demência voluntária.

A expressão "demência por Cristo" foi primeiramente aplicada pelo apóstolo Paulo dizendo: "somos insanos por amor a Cristo." Em sua carta aos Coríntios ele explica que a própria propagação sobre Deus-homem crucificado, aos olhos do povo de todo mundo parece loucura. "A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força Divina... Já que o mundo, com a sua sabedoria, não reconheceu a Deus na sabedoria Divina, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura de sua mensagem" (1 Cor. 1:18:21). Os cristãos, na força de sua fé no Deus-homem crucificado, aos olhos dos descrentes são julgados como dementes. Pessoas cegas pela sabedoria terrena, como por exemplo os antigos escriturários, que ousavam afirmar até sobre Jesus Cristo, de que "Ele delirava" (Joã. 10:20)! O pró-consul Festo exclamou em alta voz: "Tu está louco Paulo! O teu muito saber tira-te o juízo!" (Atos 26:24).

A loucura por amor a Cristo, como aspecto especial de devoção, surgiu em meados do 4º século no Egito, juntamente com a vida monástica. A demência pode ser vista de duas maneiras. Objetivamente — é um chamado de Deus. Os dementes carregam uma missão especial no meio do mundo pecador. Subjetivamente — é uma missão muito difícil: "um caminho estreito" no qual a pessoa se coloca para atingir a perfeição espiritual.

Por que será que Deus chama alguns justos para viver de maneira tão "humilhante"? Para entender isto, é necessário levar em conta o fato de que a vida da sociedade humana está inteiramente envenenada pelo mal — nela há tanta falsidade, mentira, hipocrisia, avidez, orgulho, astúcia e outros defeitos. Muitas vezes, por virtude pessoal, erudição e nobreza, as pessoas escondem os mais pecaminosos sentimentos e intenções. Elas elogiam com prazer as mínimas e mais insignificantes virtudes, mas detestam o bem autêntico. Um exemplo vivo desse tipo de pessoa, podemos observar nas escritas dos judeus dos tempos de Cristo. Vendo sua incapacidade em aceitar Seus ensinamentos, certa vez o Senhor Jesus Cristo exclamou: "Eu Te bendigo, Pai Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequenos"- i.e. às pessoas simples e modestas" (Mt. 11:25).

Conforme o que temos conhecimento das Sagradas Escrituras, às vezes o Senhor desmascara a astúcia dos líderes deste mundo com estranhas atitudes e palavras. Servindo a Deus, às vezes até os grandes profetas como : Isaías, Jeremias e Ezequiel se tornavam "loucos por amor a Cristo." Por trás de suas frases como que absurdas e suas ações estranhas escondiam-se a sublime sabedoria e a profecia para o futuro. (Veja por exemplo: Isaias 8:3; Jeremias 13:1-9, 18:1-4, 19:1-4, 20:2-10, 27:2, 38:6; Ezequiel 4:1-15, 5:1-4, 12:2-7, 24:3-5).

Porém o Senhor ao chamar para a "loucura" não subjuga a vontade da pessoa. Os "loucos" assumiam essa façanha incomum não apenas por obediência, mas por motivo de sua sede por justiça também. A atividade dominadora mais difícil, a qual as pessoas tinham de enfrentar era o orgulho. Muitos santos que superavam com relativa facilidade atividades dominadoras físicas habituais, lutavam contra o orgulho e a vaidade até seu último suspiro. "A vaidade regozija-se a todas virtudes," — dizia o venerável João "Lesstvitchnic."

Rejeitando o senso comum e diariamente suportando desprezo "os dementes por Cristo" graças a isto cortavam o orgulho pela mais profunda raiz. Entre eles estavam os seguintes santos especialmente conhecidos: André, Procópio de Ustug, o bem-aventurado Basílio, Paraskeva do Mosteiro de Diveyev (Dias de memória: 15 de outubro, 21 de julho e 15 de agosto pelo novo calendário). Não se contentando apenas com habituais privações de bens e da vida familiar, eles renunciavam à principal diferença das pessoas comuns o habitual uso da razão, e voluntariamente tomavam sobre si a aparência de alguém que não tinha noção das medidas, nem decência, nem sentimento de pudor.

Demência por amor a Cristo é uma máscara a qual colocam sobre si aqueles que são chamados especialmente para isso. Sabe-se que em certas situações eles retiravam de si essa máscara diante de certas pessoas, e então deixavam essas pessoas atônitas diante de sua inteligência e talento. Pelágia de Diveyev, a "demente por amor a Cristo," a qual o venerável São Serafim abençoou para esse ascetismo, durante a confissão retornou ao seu estado de demência, e o padre recém ordenado ficou profundamente impressionado com seu poder mental e espiritual. Santo André também era demente por amor a Cristo. Ele retirava a "máscara" quando conversava com seu discípulo Epifânio, o qual mais tarde tornou-se um renomado bispo.

Todavia no quotidiano, fingindo-se de loucos, os dementes por amor a Cristo eram submetidos a contínuas ofensas e rejeitados por todos. Vivendo na sociedade eram não menos solitários do que aqueles que viviam nos desertos impenetráveis. Renunciando a todo tipo de propriedade, a todo conforto e bens materiais, livres de qualquer apego ao mundano, não possuindo morada definida e expondo-se aos perigos da vida sem abrigo, estes escolhidos por Deus eram como que vindos de outro mundo.

Diante disso tudo, os escolhidos mantinham sempre o espírito elevado; continuamente elevam os olhos de sua mente e o coração a Deus e incessantemente ardiam em espírito diante Dele. Adquirindo imensa submissão e pureza de espírito, os dementes por Cristo tornavam-se especialmente amados por Deus e recebiam Dele o dom dos milagres e a perspicácia. Eles realizavam às vezes atos humanitários de amor ao próximo os quais eram incompreensíveis a outras pessoas. Não se envergonhando em dizer a verdade a qualquer pessoa, eles através de suas palavras ou atitudes extraordinárias ora acusavam e condenavam os injustos, que geralmente eram poderosos e dominadores, ora alegravam e consolavam os justos e os tementes a Deus. Os dementes por amor a Cristo na maior parte das vezes dirigiam-se aos locais mais depravados da sociedade com o propósito de endireitar e salvar essas pessoas, e conseguiam levar muitos desses desviados para o caminho do bem. Sendo próximos a Deus, eles freqüentemente livravam seus compatriotas de desgraças ameaçadoras e desviavam deles a cólera de Deus.

Diante de todas dificuldades o ascetismo da "demência" exigia dos santos muita sabedoria, para direcionar sua humilhação à glória de Deus e instruindo o próximo não permitindo confusão devido à aparência imprópria, nada de pecaminoso, nenhuma tentação ou ofensa para os outros.

Setembro

Venerável Simeão do Pilar.

14 setembro (1º setembro calendário da Igreja)

São Simeão nasceu em uma família pobre, numa área de Antiah da Síria, no meio do séc. 4. Na juventude ele cuidava do pasto de ovelhas do pai. Certa vez estando na igreja e ouvindo o cântico das Bem Aventuranças (Mt. 5:3-12), nasceu dentro dele a sede de uma vida sagrada. Simeão começou a orar fervorosamente a Deus e pedindo que Ele lhe indicasse como alcançar a autêntica virtuosidade. Logo depois, ele sonhou que estava cavando a terra como que para fundamentar uma construção. Uma voz dizia: "Cave fundo." Simeão passou a cavar fervorosamente. Achando que o buraco estava suficientemente profundo, ele parou, mas a mesma voz mandou que ele cavasse mais fundo. A mesma instrução repetiu-se por diversas vezes. Então Simeão passou a cavar sem cessar, enquanto a voz misteriosa não o fizesse parar com as palavras: "Basta! Agora, se quiser construir, construa, esforçando-se ao máximo, pois, sem esforço não conseguirá êxito em nada."

Tendo decidido ser monge, São Simeão deixou o lar paterno e recebeu a consagração monástica em um convento vizinho. Ali ele permaneceu por algum tempo devoto em orações monásticas, jejum e obediência, e depois para maior aperfeiçoamento ele se isolou em um deserto sírio. Nesse deserto São Simeão deu início a um novo perfil do ascetismo: "stolpnitchestvo." Tendo erguido um pilar de vários metros de altura, sobre o qual se instalou, ele privou-se da possibilidade de se deitar e descansar. Ficando de pé, dia e noite, igual a uma vela, em posição ereta, ele quase que ininterruptamente rezava e meditava sobre Deus. Além do austero jejum, ele suportou expontâneamente muitas privações: chuva, calor escaldante e frio intenso. Alimentava-se de trigo umedecido e amassado e tomava água trazidos por pessoas bondosas.

Seu excepcional ascetismo tornou-se conhecido em muitos países, e começaram a vir até ele muitos visitantes da Arábia, Pérsia, Armênia, Geórgia, Itália, Espanha e Britânia. Vendo sua extraordinária força espiritual e atentos aos seus preceitos fervorosos, muitos pagãos ficavam convictos na veracidade da fé cristã e se batizavam..

São Simeão foi abençoado com o dom da cura espiritual e física e previsão do futuro. O imperador Theodósio Junior 2º (408-450) respeitava muito o venerável Simeão e com freqüência seguia seus conselhos. Quando o imperador morreu, sua viúva a rainha Eudóxia estava pervertida a heresia monofísica. Os estudiosos dessa heresia não reconheciam as duas naturezas de Cristo — de Deus e humana; somente reconheciam a de Deus. O venerável Simeão fez com que a rainha tomasse consciência, e ela novamente tornou-se cristã-ortodoxa. O novo imperador Marciano (450-457), vestido como plebeu, secretamente visitava o venerável e consultava. Seguindo o conselho de Simeão, no ano de 451 Marciano convocou o 4º Concílio Universal o qual denunciou os falsos ensinamentos dos monofísicos.

São Simeão viveu por mais de cem anos e morreu durante oração em 459. Suas relíquias foram guardadas na Antioquia. A igreja ortodoxa durante os ofícios nas orações consagradas a São Simeão o denominam de "homem celestial, anjo terrestre e iluminador do universo."

Kondaquion: Buscando o reino dos céus, se unindo às alturas, erguendo um pilar como uma carruagem de fogo, com isso sendo interlocutor dos anjos, ó venerável, roga a Cristo Deus por todos nós.

 

Mártir Vassilissa

16 setembro (3 setembro calendário da Igreja)

Mártir Vassilissa nasceu na Nicomédia no final do terceiro século. Ela sofreu pela fé em Cristo no ano 309, tendo apenas 9 anos naquela época. Quando foi levada até o governante Alexander para interrogatório, ela declarou, sem receio, que acreditava em Jesus Cristo como Filho de Deus e Salvador das pessoas. Alexander inicialmente tentou carinhosamente convencê-la a renunciar a sua fé e venerar ídolos, mas Vassilissa em resposta começou a exaltar a Deus e falou com firmeza que continuará sendo cristã. As pessoas ficaram admiradas com as respostas sensatas e seguras da criança. Então Alexander enfurecido ordenou que espancassem Vassilissa, com a esperança de que isso a fizesse renunciar à fé. Durante as torturas a criança louvava a Deus incessantemente e o governador, cada vez mais furioso, reforçava as torturas. A menina foi então dependurada sobre fogo e vagarosamente sendo queimada. Em seguida foi jogada dentro de uma fornalha incandescente, e, finalmente foi jogada para ser dilacerada por animais ferozes. Porém santa Vassilissa, protegida por Deus se manteve intacta.

Contudo os evidentes presságios do poder de Deus iluminaram o governador. Ele compreendeu que o Senhor que Vassilissa acreditava é onipotente e exclamou: "Isto é obra de Deus!" Em seguida, prostrando-se aos pés da menina começou a rogar: "Pelo Rei Celestial me perdoa por lhe ter feito mal. Reza por mim ao seu Deus, pois, de agora em diante eu também creio Nele!" A Santa mártir alegrou-se e agradeceu a Deus pela conversão do obstinado pagão. Depois disso chamaram um bispo o qual dirigiu Alexander à verdadeira fé cristã. Ele foi batizado e passou a viver honradamente no cristianismo. Logo depois do batismo de Alexander, Santa Vassilissa pacificamente entregou sua alma a Deus.

Troparion: Tua ovelha Vassilissa clama a Ti ó Jesus: Amo-Te meu Noivo e à Tua procura padeço, sofro por Ti, pois reino em Ti e morro por Ti e também vivo Contigo, mas recebe-me pura, que com amor sacrifiquei-me a Ti: Te suplico ó Piedoso, salva nossas almas.

 

Santos Zacarias e Elizabeth

18 setembro (5 setembro calendário da Igreja)

O profeta Zacarias e sua esposa virtuosa Elizabeth descendiam de linhagem sacerdotal. Santa Elizabeth era irmã da virtuosa Anna, mãe da Santíssima Virgem Maria. São Zacarias servia num templo em Jerusalém. O Evangelista Lucas menciona Zacarias e Elizabeth no primeiro capítulo de seu Evangelho, onde narra sobre o nascimento do profeta João Batista, dizendo que "ambos eram justos diante de Deus, agindo irrepreensívelmente de acordo com todos os mandamentos e preceitos do Senhor." Até a idade bem madura, eles não tiveram filhos. Por essa razão suportaram muitas tribulações, pois, a esterilidade era considerada pelos judeus como castigo de Deus pelos pecados.

Finalmente o Senhor enviou o arcanjo Gabriel para anunciar a Zacarias, que no momento orava no templo, sobre o iminente nascimento de um filho. O arcanjo mandou que esse filho fosse chamado de João e predisse que, João será cheio do Espírito Santo ainda no ventre de sua mãe, que ele irá converter muitos dos filhos de Israel ao Senhor, e irá adiante de Deus com o espírito e poder do profeta Elias. Sua atividade será toda direcionada para preparar as pessoas para a chegada do Salvador.

Pouco depois da aparição do arcanjo Elizabeth ficou grávida. Quando João Batista nasceu, aconteceu um milagre: Zacarias, que até então permanecia mudo, recebeu novamente o dom da fala. Zacarias então glorificou a Deus e profetizou cheio do Espírito Santo: "tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor e Lhe prepararás o caminho."

No entanto, a alegria dos virtuosos pais, pela vinda do filho esperado por longos anos, não durou muito. Após seis meses nasceu em Belém o Senhor Jesus Cristo. O rei Herodes, ao saber disso, assustou-se com medo de perder seu trono e mandou que fossem massacrados todos os meninos de dois anos para baixo, nascidos em Belém e nos seus arredores. José juntamente com a Virgem Maria e o Recém-Nascido Cristo, fugiram para o Egito, e a virtuosa Elizabeth, salvando João, fugiu para o deserto perto do mar Morto. Herodes, procurando por João, enviou soldados ao templo de Zacarias para investigarem onde se escondia Elizabeth. Quando Zacarias se negou contar-lhes sobre o paradeiro dela, eles o mataram entre o templo e altar de sacrifícios. De acordo com a legenda, o sangue derramado por ele endureceu sobre o mármore do chão e por muitos anos lembrava aos fiéis sobre a maldade de Herodes.

Por sua vez, Elizabeth instalou-se junto com seu pequeno filho em uma das cavernas. Porém, ela não viveu por muito tempo: o menino João completava poucos anos quando ficou órfão. Protegido pelo Senhor e alimentado por anjos, ele permaneceu num deserto árido, até o dia em que apareceu à beira do Jordão como pregador da penitência.

Troparion: Guarnecido com vestimentas sacerdotais, tu ofereceste sacrifício de acordo com a lei de Deus, tu Zacarias foste a luz evidente dos misteriosos, levando indícios da graça dentro de ti: foste morto por uma espada no templo de Deus, ó profeta de Cristo, junto com o Precursor roga pela salvação de nossas almas.

 

Venerável Mártir Raissa.

18 setembro (5 setembro calendário da Igreja)

Dados a respeito da vida e morte martirizante de Santa Raissa (ou Iraída) são muito parcos. Sabe-se que ela era filha de um presbítero e padeceu pela fé cristã durante o império de Maxentius (305-312). Ela vivia na cidade de Alexandria, e era freira num convento local. Certa vez ela viu um navio repleto de prisioneiros: homens, mulheres, clérigos e monges. Eles foram presos por serem cristãos. Ninguém sabia para onde estavam sendo levados. Quando a venerável Raissa visitou os prisioneiros cristãos, também lhe colocaram algemas. Depois o navio chegou à cidade de Antinoia no Egito. Ali os prisioneiros foram torturados e Santa Raissa também padeceu junto com eles. Ela foi decapitada no ano 308.

Troparion: Ó Jesus! Tua ovelha Raissa clama em voz alta: Eu Te amo, meu Noivo, Te adoro e Te procurando sofro e me junto a Ti em Tua crucificação e sepultamento para ser abençoada por Ti, e padeço por Ti. Através de orações, como Tu és misericordioso Salva nossas almas.

 

Virtuosos Joaquim e Anna.

22 setembro (9 setembro e 25 de julho calendário da Igreja)

No dia seguinte após a comemoração do Nascimento da Virgem Santíssima, a Igreja marca a lembrança de Seus pais veneráveis Joaquim e Anna. Joaquim descendia do rei Davi. Muitas gerações de Davi viviam com a esperança de que o Messias nasceria em suas famílias, pois o Senhor prometeu a Davi que de sua descendência provirá o Salvador do mundo. Anna, por parte de pai, descendência da primeira linhagem sacerdotal de Aaron, e por parte de mãe — da linhagem de Judah.

O casal passou toda sua ida na cidade Galiléia de Nazaré. Eles se destacavam pela vida virtuosa que levavam e pelas boas ações. Sua principal aflição era a esterilidade. Certa vez, conforme narra a lenda, Joaquim levou sua dádiva ao templo de Jerusalém, mas o sacerdote não quis aceitar baseando-se na lei que proibia receber sacrifício de alguém que não deixasse herdeiros em Israel. Foi com muita amargura que o casal suportou essa censura, e ainda mais, dentro do templo, onde eles procuravam alívio para sua dor. Mas eles, embora em idade avançada, resignadamente continuaram pedindo a Deus que fizesse um milagre e lhes desse uma criança.

Finalmente o Senhor ouviu suas preces e enviou o arcanjo Gabriel para anunciar a Anna, que ela seria mãe. E realmente, logo a virtuosa Anna engravidou e teve uma menina. Felizes, os pais A chamaram de Maria. Assim o Senhor misericordioso recompensou a fé e paciência do virtuoso casal e deu-lhes uma Filha, a Qual deu a benção a toda humanidade!

Por três anos Joaquim e Anna educaram sua filha em casa, cumprindo sua promessa de consagrá-La a Deus levaram-Na ao templo de Jerusalém. Ali havia um abrigo para órfãs, e Maria ficou vivendo e estudando lá. Pouco templo depois Joaquim morreu aos 80 anos de idade e Anna passou a viver perto do templo, visitando sua Filha por mais dois anos.

Como antepassados do Senhor Jesus Cristo, Joaquim e Anna são chamados pela Igreja de "Pais de Deus" (dados a respeito de Joaquim e Anna foram conservados nos evangelhos apócrifos do 2º e 3º séculos e na tradição da Igreja).

Troparion: Tendo vivido na graça divina e sido veneráveis Joaquim e Anna, nos presentearam com o nascimento da Abençoada. Esse dia festeja-se com alegria, a Igreja divina honra sua memória, glorificando a Deus que ergueu a trombeta para nossa salvação na casa de Davi.

Grande Mártir Nikita

28 setembro (15 setembro calendário da Igreja)

São Nikita era militar e viveu no lado oriental do rio Danúbio nos limites da atual Romênia na metade do século 4. Ele foi convertido ao cristianismo e batizado pelo bispo Teóphilo que participou do Primeiro Concílio Ecumênico, no ano 325.

Naquela época surgiu uma guerra interna entre os gôdos. Encabeçando um dos lados hostis encontrava-se o Príncipe Athenaric, um pagão declarado e que odiava os cristãos. Do outro lado, estava Friguent. No choque massacrante das tropas o vencedor foi Athanaric, e com isso Friguent foi obrigado a fugir para Bisâncio. Porém ele logo retornou à sua pátria fortalecido com novos combatentes cedidos a ele pelo imperador Valentom (364-378). Como fez outrora Constantino o grande, Friguent mandou que no denominador de sua tropa fosse feita a imagem da Santa Cruz. Aconteceu a segunda batalha sangrenta, e desta vez,venceu Friguent. Athenaric por sua vez, junto com um pequeno grupo de partidários salvou-se fugindo.

Após a vitória de Friguent, sucederam tempos favoráveis para os cristãos. O sucessor do bispo Teophilus, São Urfil (ou Ulhfila, 311-383), criou o alfabeto gôdico e traduziu do grego para o gôdico muitos livros eclesiásticos. São Nikita através de sua palavra e sua vida devota em muito contribuiu para a confirmação da fé cristã entre os gôdicos à sua pátria. Após alguns anos Athenaric retornou com um numeroso exército, e novamente começou a batalha interna. Tendo vencido Friguent, Athenaric iniciou uma severa perseguição contra os cristãos. Nikita que tornou-se chefe espiritual dos cristãos, acusava Athenaric de ateísmo e crueldade. Ele apelava aos devotos para que ficassem firmes e não temessem as torturas. Logo Nikita foi agarrado e entregue a cruéis torturas. Foi atirado ao fogo e morreu no dia 15 de setembro de 372. Um amigo dele encontrou seus santos restos mortais e levou-os para Cicília. Desde aquela época das relíquias do santo mártir, começaram a acontecer milagres e curas. Uma parcela das santas relíquias encontra-se no mosteiro "Vissôquie Detchani" na Sérbia.

Troparion: A Cruz de Cristo, como uma arma, recebemos com fervor e para a luta com os inimigos vieste, e sofreste por Cristo, e em fogo entregaste tua alma sagrada ao Senhor: recebeste Dele o dom da cura. Grande mártir Nikita, roga a Cristo Deus pela salvação de nossas almas.

Mártir Princesa Ludmila.

29 setembro (16 setembro calendário da Igreja)

A bem-aventurada Ludmila era de origem sérbia e de linhagem principesca. Ao se casar com o príncipe tcheco Borivoi, ela mudou-se para a Tchecoslováquia — país ainda pagão naquela época. Entendendo a supremacia do cristianismo, o casal Borivoi e Ludmila receberam o batismo de São Methodius, instrutor dos eslavos. Eles construíram a primeira igreja na Boêmia (perto de Praga). Construíram também outras igrejas e convidaram sacerdotes da Bulgária para instruírem seus súditos. Quando o príncipe Borivoi morreu aos 36 anos de idade, deixou três filhos e uma filha.

Santa Ludmila ao enviuvar, começou a distribuir seus bens aos pobres e a levar uma vida rigorosamente devota, razão pela qual o povo tcheco passou a gostar dela. Durante os 33 anos de regência de seu filho Rostislav (Bratislav) Santa Ludmila preocupava-se com o cristianismo na Tchecoslováquia.

Após a morte de Rostislav o filho dele de 18 anos Viatcheslav subiu ao trono. Esse filho foi educado no cristianismo pela princesa Ludmila. Dragomira, mãe de Viatcheslav emprenhava-se em trazer o povo tchevo de volta ao paganismo e deu início a uma perseguição aos cristãos. Ela odiava Ludmila e, aproveitando-se da juventude de Viatcheslav, começou a oprimi-la a tal ponto que Ludmila precisou sair de Praga e ir para a cidade de Techino. Dragomira enviou dois consultores com a incumbência de matarem Ludmila. Esses consultores, com a ajuda de malfeitores da região invadiram o palácio no sábado à noite onde santa Ludmila dormia e a estrangularam com uma corda. Isso aconteceu no ano 928, quando Ludmila completou 61 anos.

A santa mártir Ludmila foi sepultada na cidade de Techino, perto do muro da cidade. Todas as noites, no lugar onde está enterrada, começaram a surgir velas acesas. Um cego regional passou a enxergar quando tocou na terra do túmulo dela. O príncipe Viatcheslav, ao tomar conhecimento dos milagres que aconteciam no tumula de sua santa avó, solenemente transportou as santas relíquias da mártir Ludmila para Praga e depositou-as na igreja do grande mártir George. Alguns anos depois o príncipe Viatcheslav também foi torturado (a esse respeito veja abaixo).

Santa Ludmila é considerada protetora da Tchecoslováquia, e os milagres continuam acontecendo aos pés do seu sepulcro.

Troparion: Jesus, Tua ovelha princesa Ludmila clama com voz forte: meu Noivo, amo-Te, e Te buscando sofro, sou oprimida e expiro por Ti, sou Tua guardiã como que reinando em Ti, e morro por Ti, e também vivo conTigo, mas como vítima pura recebe-me, com amor me sacrifico a Ti: ó gloriosa mártir, através de tuas orações roga pela salvação de nossas almas.

Mártires Vera, Nadejda, Liubov e Sofia.

30 setembro (17 setembro calendário da Igreja)

No 2º século durante o império de Adriano (117-138), vivia em Roma uma viúva honrada de nome Sofia (esse nome significa sabedoria). Ela tinha três filhas que levavam os nomes dos principais cristãos virtuosos: Vera, Nadejda e Liubov. Sendo uma cristã de profunda fé, Sofia educou as filhas no amor a Deus, ensinando-as a não se prenderem aos bens mundanos. Rumores a respeito dessa família pertencer ao cristianismo, chegaram até o imperador, e ele desejou ver pessoalmente as três irmãs e sua mãe educadora. As quatro se apresentaram diante do imperador e sem nenhum receio confessaram sua fé em Cristo, ressuscitado dos mortos e dando a vida eterna a todos aqueles que crêem Nele. Admirado com a coragem das jovens cristãs, o imperador as enviou a uma pagã, à qual ordenou que a convencesse a se afastarem da fé. Entretanto, todos argumentos e eloqüências da pagã foram inúteis, e com ardente fé as irmãs-cristãs não mudaram sua convicção. Então, elas foram novamente levadas até o imperador Adriano e ele começou a exigir com insistência que elas oferecessem sacrifício aos deuses, mas as meninas, indignadas recusaram sua ordem. "Nós temos Deus Celestial — responderam elas, - queremos permanecer crianças Dele, e nos teus deuses nós cuspimos e não tememos tuas ameaças. Estamos prontas a sofrer e até morrer por nosso Senhor Jesus Cristo."

Então, Adriano enfurecido ordenou que as meninas fossem torturadas de várias maneiras. Os carrascos começaram por Vera. Eles começaram a espancá-la sem piedade diante da sua mãe e irmãs, arrancando pedaços de seu corpo. Depois a colocaram sobre uma grade de ferro em brasa. Pelo poder de Deus, o fogo não ocasionou nenhum dano ao corpo da santa mártir. Enlouquecido pela crueldade. Adriano não tomou consciência do milagre de Deus e mandou que jogassem a criança em uma caldeira com resina fervente. Mas pela vontade do Senhor a caldeira esfriou e não causou nenhum dano a Vera. Então ela foi condenada à decapitação com espada.

"Eu irei com alegria para meu amado Senhor Salvador." — disse Vera. Ela baixou sua cabeça com valentia sob a espada e assim entregou seu espírito a Deus.

As irmãs mais novas Nadejda e Liubov entusiasmadas pela valentia da irmã mais velha, sofreram as mesmas torturas dela. O fogo não lhes causou nenhum mal. Então também foram decapitadas.

Santa Sofia não foi submetida a suplícios da carne, mas foi condenada a torturas da alma muito mais fortes com a separação das crianças martirizadas. A mãe sofredora enterrou os puros restos mortais de suas filhas e por dois dias não se afastou dos túmulos. No terceiro dia o Senhor lhe mandou uma morte serena e recebeu sua tão sofrida alma na morada celeste. Santa Sofia, tendo sofrido por Cristo grandes suplícios da alma, juntamente com suas filhas foi ajuntada pela Igreja aos outros santos. Elas foram martirizadas no ano de 137. Vera então tinha 12 anos, a segunda, Nadejda, 10, e a mais nova Liubov — apenas 9 anos.

Foi assim que três meninas e sua mãe mostraram que para as pessoas fortalecidas pela graça do Espírito Santo, a insuficiência das forças carnais não é nenhum obstáculo para a manifestação da força do espírito e da valentia. Com suas santas orações o Senhor também nos reforçará na fé cristã e na vida virtuosa.

Kondaquion: Os honrados ramos sagrados de Sofia: Vera, Nadejda e Liubov, revelaram valentia, sabedoria revestidas de bênçãos e tendo sofrido torturas tornaram-se vencedoras, coroadas por Cristo Senhor com incorruptível auréola.

 

Outubro

Mártires Príncipe Michael e Nobre Theodoro.

3 de outubro (20 setembro calendário da Igreja)

Próximo à metade do 13º século (1237-1240) a Rússia foi vítima de uma desgraça a invasão dos mongóis. Primeiramente foram devastados os principados de Ryazan e Vladimir. Em seguida foram destruídas as cidades de Peryaslavl, Chernigov, Kiev e outras ao sul da Rússia. A maioria da população desses principados e cidades pereceu em batalhas sangrentas; as igrejas foram saqueadas e profanadas; um famoso mosteiro de Kiev foi destruído e os monges se dispersaram pelas florestas.

Porém, todas essas terríveis calamidades foram como que inevitáveis para a invasão dos povos bárbaros, para os quais a guerra era pretexto para saquear. Os mongóis habitualmente eram indiferentes a todas crenças. O código de regras principal na vida deles era regido pela "IASA" (livro dos tabus), cujo conteúdo eram as leis do grande Gengiskhan. Uma das leis da Iasa ordenava que todos deuses quais quer que fossem, tinham de ser respeitados e temidos. Por essa razão na horda Dourada eram celebrados ofícios de diversas religiões, e os próprios Khans participavam com freqüência também nos ofícios cristãos, muçulmanos, budistas e outros ritos.

Mas mesmo sendo indiferentes e até respeitando o cristianismo, os khans exigiam também de nossos príncipes a realização de alguns de seus rituais, como por exemplo: a passagem pelo fogo purificado antes de uma audiência diante de algum khan, reverência diante de alguma imagem de um khan morto, diante do sol, ou um arbusto. No entendimento cristão isto significa trair a santa fé, e alguns dos nossos príncipes preferiam a morte, do que cumprir os rituais pagãos. Dentre esses príncipes devemos lembrar do príncipe Michael de Chernigov e seu assessor Theodoro, que sofreram martírio no Horde em 1246.

Quando o khan Batyi exigiu a visita do príncipe Michael, ele recebeu a benção do seu pai espiritual bispo João e lhe prometeu que antes morrer por Cristo e pela santa fé, do que venerar ídolos. A mesma promessa foi feita pelo assessor Theodoro. O bispo lhes deu força nessa santa resolução e deu-lhes as sagradas Dádivas abençoando-os para a vida eterna. Diante da entrada do quartel general do khan os sacerdotes mongóis exigiram que eles reverenciassem o lado sul do túmulo de Gengiskhan, depois o fogo e depois os ídolos de feltro. Michael respondeu: "Um cristão deve reverenciar ao Criador, e não a besta."

Ao tomar conhecimento desse fato, Batyi enfurecido mandou que Michael escolhesse entre: ou cumprir a exigência dos sacerdotes, ou a morte. Michael respondeu que estaria pronto a venerar o khan, a quem o Próprio Deus entregou o poder, mas não poderia cumprir aquilo que os sacerdotes exigiam. O neto de Michael, príncipe Boris e assessores de Rostov imploraram para que ele poupasse sua vida e ofereciam tomar sobre si e seu povo a penitência por seu pecado. Michael não queria ouvir ninguém. Ele arremessou de seus ombros seu sobretudo real e disse: "Não destruirei minha alma; não me importo com a glória do mundo perecível!" Enquanto a resposta dele era levada até o khan, o príncipe Michael e seu assessor cantavam salmos e partilhavam das Dádivas sagradas que lhes foram dadas pelo bispo. Logo surgiram os matadores. Eles agarraram Michael, começaram a agredi-lo com socos e paus no peito; depois viraram seu corpo com o rosto para o chão e o pisotearam. Finalmente deceparam sua cabeça. Suas últimas palavras foram: "Eu sou cristão!" Depois dele também seu assessor foi torturado da mesma maneira. Sua santas relíquias foram preservadas em Moscou na catedral do Arcanjo.

No início do século 14 os khans adotaram o islamismo o qual sempre se destacava pelo fanatismo e intolerância. No entanto os khans continuavam se mantendo fiéis com relação às leis antigas de Gengiskhan e tradições de seus ancestrais, - e não só perseguiam o cristianismo na Rússia, como protegiam a igreja russa. Isso contribuiu muito a famosos príncipes e clérigos da igreja russa, os quais foram erguidos pelo Senhor durante esses tempos pesados para a Rússia.

Troparion: Vocês cumpriram suas vidas como mártires; foram adornados com a auréola da confissão e ascenderam aos céus, sábio Michael e intrépido Theodoro, rezem a Cristo Deus que tenha misericórdia de nossa pátria e todos cristãos ortodoxos.

Fiel Devoto Príncipe Oleg de Briansk.

3 outubro (20 setembro calendário da Igreja)

O fiel devoto príncipe Oleg Romanovitch, batizado Leôncio, príncipe de Briansk, era neto do príncipe Michael de Chernigov que foi torturado e morto pelos tártaros no Hodre (vide acima). Santo Oleg era indiferente à riqueza e glórias mundanas; o que mais o atraía era a vida monástica. Por esta razão ele cedeu seu trono ao irmão e tornou-se monge. Tornou-se famoso pelo rigor de sua vida monástica. Morreu serenamente em seu mosteiro perto do ano de 1289. Suas relíquias estão preservadas no mosteiro Pedro e Paulo construído por ele em Briansk.

São Dimitri de Rostov

4 de Outubro (21 setembro calendário da Igreja)

O prelado Dimitri (Daniel Tuptalo no mundo), era de uma aldeia da região de Makarov de Kiev. Filho de cossaco nasceu no ano de 1651. Estudou na academia de Kiev, porém, devido as inquietações com a guerra precisou deixar a academia e terminar sozinho sua formação escolar. Depois de sua nomeação monástica em um dos mosteiros de Chernigov, ele logo foi notado, pelo arcebispo Lázarua Baranovitch, o qual que deu a incumbência de pregar em sua catedral. Durante os dois anos seguintes, São Dimitri pregava com freqüência, — e assim tornou-se famoso por sua eloqüência. A Lituânia e Ucrânia (Malorussia) ao mesmo tempo convidavam-no para pregar ali com eles.

Aos 33 anos de idade São Dimitri iniciou sua obra dos doze volumes imortais — "Tcheti-Minhei," na qual expôs a vida dos santos para cada dia do ano. Durante vinte anos (1684-1704) ele juntava testemunhos, com energia incomum, estudava e elaborava a vida dos santos, as quais desde então tornaram-se leitura preferencial para os russos de fé. Esse trabalho foi terminado quando ele era Metropolito do Rostov (desde 1702).

Quando se tornou metropolito, o intrépido santo avançou para uma luta com a dissensão e escreveu um estudo detalhado a respeito das seitas cismáticas com o nome de: "Investigação sobre a fé de Briansk." Sete anos de seu ministério em Rostov representam uma série de ininterruptos trabalhos árduos para fortalecer a fé: ele percorria sua diocese de ponta a ponta ensinando e pregando. Desconsolado com a instrução insuficiente da paróquia e padres, ele organizou e patrocinou com seus próprios meios uma escola em Rostov e cuidou, como pai, de seus discípulos. Freqüentemente eles se reuniam ao seu redor e cantavam hinos espirituais compostos por ele. Muitos desses cânticos sublimes de São Dimitri ("Jesus meu adorado") eram cantados pelo povo na Rússia pré-revolucionária.

A vida particular de São Dimitri era feita de jejum, preces e caridade. Sua alimentação era a mais simples e sempre em quantidade muito restrita. Ele era acessível a todos e com todos era carinhoso e complacente. No dia 28 de outubro de 1709, o grande devoto do ensino e da piedade morreu durante sua oração de joelhos; ele foi encontrado caído ajoelhado diante do ícone do Salvador Deus. Depois de 43 anos, em 1752, suas relíquias imortais foram descobertas e São Dimitri foi unido aos santos.

Além de "Tcheti-Minhei" e "Procura da fé de Briansk," São Dimitri escreveu inúmeros sermões e instruções, "Conciso Catecismo," Anais Particulares," "Anais dos reis e patriarcas." "Catálogo dos metropolitas russos" e outras escritas. As obras de São Dimitri são permeadas de profunda fé, calor e são fáceis de serem lidas, pois o idioma russo nessas obras traz uma admirável simplicidade e distinção. Ele é inteiramente um escritor nacional.

Kondaquion: Estrela russa que resplandeceu de Kiev, e através de nova cidade do norte alcançou Rostov, iluminou todo país com ensinamentos e maravilhas; tratemos com mimo o mestre das palavras de ouro, Dimitri. Ele que escreveu tudo e nos instruiu, nos unifique a todos igual a Paulo para Cristo, e salve nossas almas com retidão na fé.

 

Venerável Sérgio de Radonez.

18 de julho e 8 de outubro (5 junho e 25 setembro calendário da Igreja)

Na metade do século 14 foi estabelecido o famoso mosteiro "Troitze-Sergueievski." Seu fundador o venerável Sérgio (Bartolomeu no mundo) era filho dos nobres de Rostov Cirilo e Maria, que mudaram-se para mais perto de Moscou, no povoado de Radonej. Aos 7 anos de idade Bartolomeu foi enviado à escola para aprender a ler e escrever. Ele tinha profunda sede de aprender, porém tinha dificuldades nos estudos. Triste com isto ele rogava ao Senhor dia e noite para que lhe abrisse a porta para a capacidade de ler e escrever. Certa vez, procurando por cavalos perdidos no campo, ele viu um monge ancião desconhecido que rezava de baixo de uma árvore de carvalho. O menino se aproximou dele e lhe contou sobre sua mágoa. Ouvindo o garoto com simpatia, o ancião começou a rezar pela instrução do menino. Depois pegou um pequeno recipiente, depositou dentro um pedacinho de "prasfora" (pão da comunhão) e abençoando Bartolomeu com ela, disse: "Toma, criança, e come: isto é dado como sinal da graça de Deus e entendimento da Sagrada Escritura." A graça de Deus realmente desceu sobre o menino: o Senhor lhe deu memória e entendimento e ele começou a aprender com facilidade a sabedoria dos livros.

Depois desse milagre, dentro do jovem Bartolomeu se reforçou ainda mais a vontade de servir apenas a Deus. Ele quis se isolar seguindo e exemplo dos antigos ascéticos, mas o amor que sentia pelos seus pais o mantinha ao lado da família querida. Bartolomeu era modesto, tranqüilo e quieto; era dócil e carinhoso com todos; nunca se irritava e obedecia seus pais em tudo. Normalmente ele se alimentava apenas de pão e água e nos dias de jejum abstinha-se da comida por completo. Após o falecimento dos pais, Bartolomeu cedeu a herança para seu irmão mais novo, Pedro e, juntamente com seu irmão mais velho Estéfano instalou-se em uma densa floresta próxima ao rio Konchur, a 10 milhas de Radonhej. Os irmãos cortaram madeira da floresta com suas próprias mãos, construíram uma cela e uma pequena igreja, a qual foi abençoada em honra da Santíssima Trindade por um padre enviado pelo metropolita Feognost. Assim surgiu o famoso convento do venerável Sérgio.

Logo Stéphano deixou seu irmão e tornou-se padre superior do mosteiro Bogoiavlenski em Moscou e confessor do grande príncipe. Mas Bartolomeu, batizado na vida monástica com o nome Sérgio, durante cerca de dois anos agiu sozinho na floresta. Não se pode nem imaginar quantas tentações suportou durante esse tempo o jovem monge, porém, a paciência e orações venceram as dificuldades e os ataques do demônio. Bandos inteiros de lobos passavam diante da cela de Sérgio, assim como também ursos se aproximavam, mas nenhum deles lhe fazia mal algum. Certa vez o santo eremita deu pão a um urso que havia se aproximado de sua cela e dali em diante o animal passou a visitar com freqüência o venerável Sérgio, o qual repartia seu último pedaço de pão com ele.

Apesar dos esforços de São Sergio, para não atrair a atenção sobre suas façanhas, a fama a respeito delas propagou-se e atraiu outros monges desejosos de se salvarem sob o comando dele. Eles começaram a pedir que Sérgio se ordenasse abade. Sérgio não concordou por um longo período, mas vendo na insistência deles um sinal superior, disse: "Eu gostaria mais era de obedecer do que comandar, porém temo o juízo de Deus e me entrego nas mãos do Senhor. "Isso aconteceu no ano de 1354, quando São Alexei ingressou à cátedra de metropolito de Moscou.

A vida e o trabalho do venerável Sérgio na história do monastismo russo possuem um significado especial, pois ele deu início à vida de eremitas, instalando fora da cidade um convento com comunidade. Instalada sob novos princípios o mosteiro da Santíssima Trindade inicialmente passava por extrema pobreza em tudo; as vestimentas eram pintadas a mão, os cálices sagrados eram de madeira, na igreja em lugar de velas brilhava uma lasca de madeira acesa, mas os devotos queimavam de fervor. São Sérgio dava o exemplo aos irmãos de seríssima abstinência, profunda humildade e esperança inabalável da ajuda de Deus. Nas dificuldades e serviços ele caminhava na frente, e os irmãos o acompanhavam.

Certa vez no mosteiro acabou o estoque todo de pão. O abade, com suas próprias mãos construiu um vestíbulo na casa de um dos irmãos para receber em troca alguns pedaços de pão. Mas na hora da extrema necessidade, pelas orações da fraternidade surgia inesperadamente uma ajuda generosa. Após alguns anos da fundação do mosteiro, camponeses começaram a se instalar perto dele. Próximo ao mosteiro havia uma grande estrada que ia até Moscou e ao norte, e graças a isso as condições do mosteiro começaram a crescer e ele, seguindo exemplo do mosteiro de Kiev-Petcheskoi, começou a distribuir caridade e receber enfermos e peregrinos.

Rumores a respeito de São Sérgio chegaram até Constantinopla, e o patriarca Filópios enviou-lhe sua benção e uma carta com a qual eram confirmados as novas regras da comunidade eremita fora da cidade estabelecidas pelo fundador do mosteiro da Santíssima Trindade. O Metropolita Alexei gostava do venerável Sérgio como amigo, encarregava-o de reconciliar príncipes inimigos, depositava sobre ele pleno poder e o preparava para ser seu sucessor. Mas Sérgio rejeitou essa escolha.

Certa vez o metropolita Alexei quis presenteá-lo com um crucifixo de ouro como recompensa por seus esforços, mas Sérgio disse: "Desde minha juventude eu nunca usei ouro, e na velhice quero mesmo é me manter na pobreza," — e decididamente declinou essa honrosa oferta.

O grande príncipe Dimitri Ivanovitch, chamado "Donski," respeitava o venerável Sérgio como a um pai, e pediu sua benção para a luta com Mamai, um khan tártaro. "Vá, vá corajosamente, príncipe, e conte com a ajuda de Deus,"- disse o santo concedendo dois monges para acompanhá-lo. Eles se chamavam Peresvet e Oslabia e morreram como heróis nos campos de batalha de Kulikov.

Ainda em vida o venerável Sérgio realizava milagres e era honrado com grandes revelações. Certa vez a Mãe de Deus apareceu para ele em magnífico esplendor acompanhada dos apóstolos Pedro e João e prometeu proteção para seu mosteiro. Uma outra vez ele viu uma luz extraordinária e muitos pássaros preenchendo o ar com seu belíssimo canto, e teve a revelação de que muitos monges se reuniriam em seu mosteiro. Trinta anos após sua abençoada morte (25 de setembro de 1392) suas relíquias foram abertas.

O mosteiro de Troitze-Sergueievski propagou para todos os lados muitos novos mosteiros. Ele envolvia esses mosteiros, como se fosse uma rede cobrindo toda a parte norte da Rússia articulando-o para o centro clerical e administrativo da Rússia Moscou. Durante a vida de São Sérgio foram construídos os seguintes mosteiros sob sua assistência: mosteiro Kirzhachski (próximo ao rio Kirzatch); mosteiro Simão (em Moscou); mosteiro de Visotski (próximo a Serpukov); mosteiro de Borisoglebski (perto de Rostov); mosteiro de Dubenski (em homenagem à batalha de Kulikov); mosteiro de Pokrovski (perto de Borovsk); mosteiro de Avraamirv (perto de Chukhlom). Após a morte de Sérgio, seus discípulos fundaram alguns mosteiros como: Savvin-Storojevski (perto de Zavenigorod); Jeleznoborski (perto de Galich); Voskresenski (em Obnora, ao norte de Jaroslov); Ferapontov; Kipilov-Beloozerski e outros. São Stephan, o educador da região de Perm, foi um dos amigos de São Sérgio.

Troparion: Sendo preparador espiritual dos virtuosos, como verdadeiro guerreiro de Cristo Deus, que atuou contra as impetuosidades da vida contemporânea, nos cânticos e em vigílias foste modelo aos teus discípulos: e o Espírito Santo habitou em ti, e por tuas ações tu és iluminado e honrado. Mas sendo destemido através da Santíssima Trindade, lembra do teu rebanho que juntaste com sabedoria: e não te esqueça do que tu prometeste visitando tuas crianças, Sérgio, nosso venerável pai.

Fiel Príncipe Venceslav.

12 outubro (28 setembro calendário da Igreja)

O fiel Viatcheslav (também chamado de Vintcheslav ou Vatzlav), príncipe da Tchequia, era neto da princesa Ludmila (veja acima), quem o educou na fé cristã. Tendo recebido excelente formação do presbítero Paulo discípulo do prelado Mefódio, São Venceslav dominava os idiomas eslavo, latino e grego e era profundamente instruído. Seu pai, príncipe Rostislav (Vratislav), morreu na batalha contra os Ugrios no ano de 920, e Viatcheslav tornou-se príncipe aos 18 anos.

Ele administrava com sabedoria e justiça, preocupando-se com a instrução cristã do seu povo. Comprando as crianças dos pagãos vendidas como escravas, ele as levava à educação no espírito cristão. O príncipe Viatcheslav era pacífico, respeitava os clérigos e enfeitava as Igrejas. Ele se esforçou bastante pelo fortalecimento do cristianismo na Tchéquia. Ele transferiu as relíquias do santo mártir Vito para a capital da Tchéquia — Praga, e construiu uma magnífica catedral como nome de São Vito onde depositou suas relíquias.

O clero alemão que anteriormente perseguia o venerável Mefódio, também ofereceu resistência a São Viatcheslav e instigou contra ele magnatas invejosos. Esses magnatas organizaram uma conspiração contra VIatcheslav e convenceram seu irmão mais novo Boleslav a ocupar o trono. Para se livrar de Viatcheslav, Boleslav o convidou para a cerimônia da benção da Igreja. Viatcheslav se recusou a acreditar em seus servos, os quais, tentaram avisá-lo a respeito da conspiração. Ele foi para as matinais na Igreja e foi morto pelo irmão e amigos na entrada do templo. Isso aconteceu no ano de 935. O corpo mutilado do Santo ficou estendido por vários dias sem ser enterrado e isso causou indignação e inquietação no povo. Quando a mãe de Viatcheslav ficou sabendo do assassinato do filho, enterrou seu corpo na Igreja real. O sangue que foi derramado na entrada da Igreja ao ser lavado, demorou muito tempo para desaparecer. Boleslav como príncipe, começou a erradicar a ortodoxia na Tchéquia para transformar em catolicismo. Ele insistiu para que a liturgia fosse toda oficiada em latim. Sob pressão do povo, que considerava Viatcheslav como mártir, ao que parece, Boleslav se arrependeu pelo fratricídio e transferiu as relíquias do irmão para Praga e enterrou-as na Igreja de São Vito. Mártir Viatcheslav juntamente com a princesa Ludmila são considerados protetores da Tchéquia.

Troparion: Ó príncipe Vatslav, portador do troféu, pela tua estratégia foste o general da ordem religiosa do Reino do Céu; armado com as armas da fé, tu aniquilaste hordas de demônios a venceste a luta. Com fé nós clamamos tua benção.

São Miguel de Kiev.

13 outubro e 28 junho (30 setembro e 15 junho calendário da Igreja)

Após ter sido batizado em Korsun (Hersones) em 988, o grande príncipe Vladimir convidou sacerdotes búlgaros e gregos para propagação da fé Ortodoxa na Rússia. O patriarca de Constantinopla Nicolau II enviou o metropolita Miguel e muitos outros padres e clérigos para Kiev. São Miguel provavelmente era de origem búlgara. Ele trouxe ícones, livros de ofícios religiosos em eslavo, utensílios de Igreja e relíquias de santos. Depois de batizar os 12 filhos do príncipe Vladimir, nobres e pessoas de Kiev que se reuniam para esse evento no rio Dnipe, o santo começou a cuidar da exterminação das superstições pagãs.

Durante os anos do trabalho de São Miguel na Rússia foram edificados muitos templos e fundamentados alguns mosteiros. O maior dos templos erguidos em Kiev destacava-se o "Diessiatini" (décimo) honra à Santíssima Mãe de Deus (São Vladimir doava a décima parte de suas rendas para a manutenção desse templo, daí o nome de "Diessiatini"). O ataúde contendo as relíquias da suprema princesa Olga foi transferido para esse templo. Foram inauguradas Igrejas ortodoxas nas cidades de Periaslavl, Chernigov, Belgorod, Vladimir de Volin, Novgorod, Grande Rostov e outras.

Um historiador narra que durante os tempos de São Miguel, "a fé ortodoxa floriu e cintilou como o sol." São Miguel destacava-se pela modéstia, humildade, era infatigável nos árduos trabalhos e era um verdadeiro pai de sua paróquia. Ele era um hierarca sábio e severo. Ele nomeava presbíteros e escolhia tutores experientes para ensinar e educar crianças no temor a Deus e na virtude. Foram batizados quatro príncipes búlgaros e um khan petchenhêgo durante seu ministério. Sabe-se também que ele enviou um monge chamado Marco para propagar a fé cristã aos búlgaros-moslem que viviam ao longo do rio Volga. O metropolita Miguel morreu no ano de 992. Seu corpo foi sepultado na Igreja Dessiatina. Nos livros sinódicos das catedrais de Kiev, Sophia e Novigorod ele está inscrito como "Primeira-Cabeça" da Igreja Russa.

Venerável Roman o Melodioso (Que Canta Com Doçura).

14 de outubro (1º outubro calendário da Igreja)

O Venerável Roman, denominado "cantor com doçura," era de origem grega; nasceu em meados do século 5, na cidade Síria de Emesa. Tendo sido graduado na escola, ele tornou-se diácono da Igreja da Ressurreição em Beirute. Durante o império de Anastácius Dicor (491-518), ele mudou-se para Constantinopla e tornou-se clérigo na Igreja de Santa Sofia. Ele ajudava incansavelmente nos serviços da Igreja, apesar de não distinguir-se nem na voz nem no ouvido musical. Porém o patriarca Eufímius gostava de Roman e até o aproximou de sí por sua fé sincera e vida virtuosa.

A simpatia do patriarca para com Santo Roman provocou inveja em alguns clérigos da Igreja, os quais passaram a perseguí-lo. Durante um dos ofícios antes do Natal esses clérigos empurraram Roman para o púbito da Igreja e ordenaram que cantasse. A Igreja estava lotada de fiéis e o próprio patriarca celebrava o ofício religioso, com a presença do imperador e sua corte. Embaraçado e assustado, São Roman, com sua voz tremula e canto inarticulado, cobriu-se de vergonha publicamente. Chegando em casa completamente deprimido, São Roman rezou longamente à noite diante do ícone de Nossa Senhora, desafogando sua tristeza. A Mãe de Deus apareceu para ele, entregou-lhe um rolo de papel e mandou que engolisse. Eis que aconteceu o milagre: Roman recebeu uma bela e melodiosa voz e ao mesmo tempo um talento poético. Num arrebatamento de inspiração ele compôs ali mesmo seu famoso "Kondaquion" para a festa do Nascimento de Cristo: "A Virgem hoje deu a luz ao Ser Transcendente, e o mundo ofereceu uma caverna ao Ser Inacessível; os Anjos com os pastores O glorificam, e os magos viajam com a estrela: foi por nós que nasceu a Pequena Criança, Eterno Deus" (Kondaquion é uma prece curta expressando a essência da festa).

No dia seguinte São Roman chegou a Igreja para a vigília antes do Natal. Ele insistiu para que lhe permitissem cantar de novo no púbito, e desta vez cantou tão magnificamente o hino "A Virgem hoje" composto por ele que arrebatou êxtase geral. O imperador e o patriarca agradeceram a São Roman e as pessoas o denominaram de o Melodioso. Dali em diante São Roman embelezava os ofícios com seu canto maravilhoso e suas preces fervorosas.

Amado por todos, São Roman tornou-se professor de canto em Constantinopla e magnificou os serviços religiosos ortodoxos. Pelo seu talento político ele ocupou lugar de honra entre os compositores da Igreja. A ele são atribuídas mais de mil orações e hinos para as diversas festividades religiosas. Particularmente é exaltado seu akafist da Anunciação da Mãe de Deus, o qual é cantado no quinto sábado da Grande quaresma. Esse akafist serviu de modelo para outros tantos. São Roman morreu no ano de 556.

Troparion: Tu alegraste a Igreja de Cristo com tuas melodias, igual a uma trombeta celeste. Pois tu foste iluminado pela Mãe de Deus, e brilhaste no mundo como poeta de Deus. Nos te veneramos, ó virtuoso Roman!

Kondaquion: Pela divina virtude do Espírito que te foi dada desde a infância ó sábio Roman, tu foste um adorno precioso da Igreja com teu canto maravilhoso! Ó abençoado, nós te suplicamos para que nos conceda tua dádiva divina para que possamos clamar a ti: alegra-te, ó abençoado Pai, beleza da Igreja.

Bem Aventurado André, Demente por Cristo.

15 outubro (2 outubro calendário da Igreja)

Em Constantinopla durante o império de Leão o grande (886-912) servia como guarda um tal de Teognósto, pessoa abastada. Entre os escravos de Teognosto encontrava-se André, eslavo por nascimento, Era uma criança humilde e de bom caráter. Teognósto gostada de André e cuidou de sua instrução. André ia com freqüência à Igreja de Deus, estudava cuidadosamente as Sagradas Escrituras e gostava de ler sobre a vida dos santos. Gradualmente dentro dele foi se fortalecendo o desejo de devotar-se a Deus, e por ordem especial do alto André tomou sobre si incumbência incomum e muito difícil de tornar-se demente por Cristo, ou seja, começou a se fingir de louco.

Agindo como insano santo André foi levado à Igreja de Santa Anastácia para que ali cuidassem dele. Santa Mártir Anastácia apareceu-lhe em sonho e o encorajou a continuar sua tarefa ascética, e André passou a agir com loucura a tal ponto que foi declarado como louco sem nenhuma esperança e expulso do território da Igreja. Depois disso, Santo André passou a vagar pelas ruas da capital, sujo, seminu e com fome. A maioria das pessoas se esquivava dele, e algumas o insultavam e espancavam. Até mesmo os mendigos, para os quais Santo André dava suas últimas moedas, desprezavam-no. Porém Santo André suportava seus sofrimentos com humildade e rezava por aqueles que o tinham ofendido.

No entanto nem sempre André fingia-se de demente: conversando com seu pai espiritual e seu aluno rico, o jovem Epifânio, Santo André retirava a máscara da loucura e então se manifestava sua sabedoria espiritual e uma beleza espiritual extraordinária. Por sua profunda humildade Santo André recebeu de Deus o dom dos milagres e da sagacidade. Epifânio aprendeu muitas coisas do professor demente e ouviu dele a profecia de que em tempo ele seria arcebispo e um pregador famoso. E assim a profecia realizou-se.

Certa vez, Santo André, tal qual o supremo apóstolo Paulo, foi levado até o Céu e lá ele ouviu palavras indescritíveis, as quais as pessoas não podem ouvir (1Cor. 2:9). Ali ele foi honrado em ver o próprio Senhor Jesus Cristo, anjos e muitos santos de Deus, porém Santo André admirou-se de não ter visto a Virgem Santa. Ele começou a perguntar onde Ela estava e lhe responderam que Ela havia descido ao mundo muito pobre para ajudar as pessoas e consolar os aflitos.

Depois de algum tempo Santo André teve a honra de ver a Santa Mãe de Deus, na Igreja Vlahern em Constantinopla. Essa notável visão é relembrada e comemorada durante a celebração da Proteção da Mãe de Deus. Quando Santo André e Epifânio estavam rezando na Igreja, de repente foi como se a abóboda da Igreja se abrisse e Santo André viu a Virgem Santa rodeada de muitos anjos e santos. Ela estava rezando e estendia sobre os que rezavam seu "omoforion" "Você está vendo a Rainha de todos?" — perguntou André ao seu aluno, como que se não acreditasse em seus próprios olhos. "Estou vendo pai santo, e estou apavorado," - respondeu Epifânio.

O bem-aventurado André morreu aos 66 anos de idade em 936. Sua vida foi descrita pelo presbítero da Igreja de Santa Sofia, pai espiritual de Santo André e seu discípulo Epifânio.

Kondaquion: Por tua livre escolha te fingiste de demente, odiaste as maravilhas do mundo, enfraqueceste a sabedoria carnal através da fome, sede, calor, frio severo, da chuva e da neve e nunca enviaste outras adversidades da atmosfera. Te purificaste como ouro na fornalha, Ó virtuoso André.

Martires Domnia, Verônica e Proscudia.

17 outubro (4 outubro calendário da Igreja)

Mártir Domnia e suas filhas Verônica (Virinéia) e Proscudia viviam na cidade de Antióquia na Síria. Durante o império de Dioclesiano; elas sofreram por Cristo no ano de 304.

É também conhecida uma outra Santa Verônica, cuja lembrança é relacionada à imagem Não-Feita com as mãos do Salvador sofrido. Verônica encontrava-se em Jerusalém por ocasião da condenação do Senhor Jesus Cristo de sofrer a crucificação. Quando o Salvador estava carregando Sua cruz para Gólgota, ela juntou-se à multidão dos judeus para seguí-Lo, e ao ver que Ele estava caído sob o peso da cruz, ela ficou com pena Dele e, aproximando-se deu-Lhe água para beber. Feito isso, com uma toalha ela enxugou Seu rosto ensangüentado. Ao chegar em casa, ela descobriu que na toalha ficou gravado o rosto Dele. Essa toalha com o tempo foi parar em Roma e ali ficou conhecida sob o nome "Imagem Não Feita com as mãos." Essa imagem difere da imagem da Igreja Oriental (vide brochura sobre Jesus Cristo) pois na fronte do Salvador há uma coroa de espinhos.

Venerável Pelágia.

21 outubro (8 outubro calendário da Igreja)

Santa Pelágia nasceu em Antioquia na Síria e antes de se voltar para Cristo era uma jovem leviana e depravada. Sendo muito atraente, ela se enfeitava com roupas faustosas, ouro e pedras preciosas, razão pela qual seus admiradores chamavam-na de "Margarita," o que significa perolada.

Certo dia reuniram-se em Antioquia bispos de dioceses vizinhas. No meio deles estava Nonnus, bispo de Heliópolis, famoso por sua sabedoria e virtudes. Na hora do intervalo os bispos saíram da Igreja onde estavam reunidos e de repente diante deles surgiu uma multidão de jovens barulhentos. No meio deles se destacava uma jovem, por sua beleza — com os ombros de fora e vestida sem modéstia: era Pelagia. Ela gracejava em voz alta e gargalhava ruidosamente e os admiradores a rodeavam. Embaraçados os bispos baixaram seus olhos, enquanto que São Nonnus, ao contrário, examinava atentamente a moça. Quando a multidão barulhenta afastou-se, Nonnus perguntou aos bispos: — " Na realidade não lhes agradou a beleza e vestimentas dessa mulher?" Eles ficaram calados. Então Nonnus continuou: - "Pois eu aprendi muito com ela. Ela colocou como meta principal agradar às pessoas, e o que vocês pensam, quantas horas ela levou para se enfeitar, preocupando-se em parecer mais linda do que as outras mulheres aos olhos de seus admiradores? No juízo final por ela o Senhor irá nos condenar, pois nós, possuindo no Céu o Noivo imortal, fomos negligentes pelo estado de nossas almas. Com o que nós nos apresentaremos diante Dele?"

Chegando à hospedaria, São Nonnus se pôs a rezar com veemência pela salvação de Pelágia. No domingo seguinte, quando Nonnus oficiava a Santa liturgia, Pelágia, atraída por uma força latente, pela primeira vez entrou na Igreja. Tanto a missa quanto o sermão se São Nonnus a respeito do Juízo Final abalaram tanto a moça, que ela se apavorou por sua vida pecaminosa. Aproximando-se de Nonnus ela expressou sua vontade de ser batizada, mas não estava segura de que o Senhor teria piedade dela: "Meus pecados são mais numerosos do que a areia do mar e a água do mar não será suficiente para lavar minhas más ações." O bondoso pastor consolou-a com a esperança da misericórdia de Deus e a batizou.

Tornando-se cristã, Pelágia juntou todos seus bens e trouxe para Nonnus, que ordenou distribuí-los aos pobres, dizendo: "Que seja gasto com inteligência aquilo que foi juntado do mal." Alguns dias depois Pelágia, vestindo roupas masculinas afastou-se da cidade. Ela foi para Jerusalém e ali recebeu a nomeação de monge. Tomaram-na por um rapaz. Ajeitou para si uma cela no monte Elenski; trancou-se ali e passou a levar uma rigorosa vida monástica de arrependimento, jejum e orações. Os moradores das redondezas consideravam-na como frade Pelágio. Após alguns anos, tendo alcançado muitas dádivas espirituais, Pelágia morreu aproximadamente no ano 457. Durante os funerais descobriu-se que o suposto frade era uma mulher. (O monte das Oliveiras é assim chamado pela enorme quantidade de árvores de olivas. Fica a leste de Jerusalém e foi dali que o Senhor elevou-se aos céus. A gruta da venerável Pelágia ficava próxima ao lugar da ascensão).

Kondaquion: Debilitaste teu corpo com os jejuns, através de orações de vigília imploraste ao Criador pelo perdão dos pecados, e tu obtiveste o perdão e encontraste o caminho do arrependimento.

Venerável Taissia.

21 outubro (8 outubro calendário da Igreja)

Santa Taíssia nasceu no Egito no final do século 3. Tendo sido educada por sua mãe, mulher de mau comportamento, Taíssia desde a juventude se prostituía. Seduzindo os jovens e homens casados com sua rara beleza, ela levou muitos deles à ruína.

O boato a respeito da pecadora Taíssia chegou aos ouvidos de Pafnútio o grande, que conseguia levar muitos pecadores, que estavam se perdendo à penitência. Então o ancião vestindo-se de leigo foi até Taíssia e pediu-lhe que marcasse um encontro em um lugar bem retirado, onde decididamente ninguém os pudesse ver não só as pessoas como o Próprio Senhor! Embora Taíssia fosse pagã, não se privava de representações elementares sobre Deus. Assim sendo ela sorriu e respondeu ao ancião que seria impossível realizar seu pedido, pois, Deus está em todos lugares e vê tudo. Então o venerável Pafnútio rapidamente apresentou a ela todo o peso de seus pecados e que resposta terrível ela deverá dar à Deus por ter seduzido tantas pessoas.

As palavras do ancião abalaram a pecadora, e ela caindo em grande arrependimento decidiu mudar sua vida.

Juntando todos seus tesouros adquiridos com a vida pecaminosa, ela os queimou em praça pública. Depois disso ela ingressou em um convento feminino e ali ficou trancada por 3 anos chorando amargamente por seus pecados e se alimentando apenas de pão e água. Pouco antes de sua morte, São Pafnútio a visitou e fez com que, contra sua vontade, ela saísse da clausura. Logo depois ela adoeceu e após um curto tempo entregou sua alma purificada e santificada a Deus, perto do ano de 340. São Paulo, chamado de "o simples" teve uma visão onde o Senhor perdoava os pecados de Taíssia e a dignou com o Reino do Céu. Quando Pafnútio tomou conhecimento desse fato ficou muito feliz: conseguiu salvar uma alma que estava perdida.

Troparion: Tu foste salva do pecado e iluminaste teu coração com a luz da penitência; recebeste a cruz e seguiste Cristo. Ativamente desprezaste a carne. E com isto te relacionaste com os anjos, ó venerável Taíssia.

Mártir Zenaide.

14 outubro (11 outubro calendário da Igreja)

As irmãs Zenaide e Filonila eram parentes do apóstolo Paulo e foram suas alunas. Existe muito pouco conhecimento a respeito delas. Nasceram na cidade de Tarsus, na região da Ásia Menor (atual Turquia). Estudaram medicina e se radicaram em uma cidade ao norte de Tarsus. Toda sua vida passavam orações e jejum. Elas ficaram conhecidas pelos moradores daquele país pela cura gratuita de todo tipo de doenças. Procurando a cura, cada vez mais pessoas as procuravam. Mas curando as doenças físicas, as santas irmãs se esforçavam a curar também as doenças espirituais das pessoas e as instruíam para a fé cristã. Com isso elas contribuíam com os atos de seu parente — apóstolo Paulo.

Não se sabe quanto tempo Zenaide e Filonila agiram assim na região. Certa vez, pagãos descrentes entraram à noite em sua casa, empurraram as duas para a rua e as apedrejaram. Foi assim que elas sofreram como mártires por Cristo.

Mártires Cosme, Damião, Leôncio e Outros.

17 outubro (4 outubro calendário da Igreja)

Os irmãos Cosme e Damião eram venerados desde os tempos antigos tanto no oriente quanto no ocidente. Os irmãos gêmeos nasceram na Arábia na metade do terceiro século. Tendo estudado medicina, eles visitavam as cidades e vilarejos da Arábia pregando a fé, curando pessoas doentes e até animais através do poder de Cristo! Eles recusavam receber qualquer pagamento em troca. Dessa maneira eles converteram muitos pagãos ao cristianismo.

Durante o império de Dioclesiano (284-305), Cosme e Damião chegaram a Kili, região da Ásia Menor, onde foram perseguidos por parte do prefeito Lisius. Eles foram presos e torturados por muito tempo na tentativa de que renunciassem a Cristo e finalmente foram decapitados no ano de 303. juntamente com eles os irmãos cristãos Leôncio, Anfim e Euteópio também receberam a coroa do martírio.

Sua santas relíquias foram sepultadas na cidade de Kir, na Síria, onde começaram a acontecer muitas curas. O imperador Justian (527-565), tendo sido curado pelos santos Cosme e Damião de uma grave doença, em gratidão reformou e decorou a Igreja deles em Constantinopla. Essa Igreja tornou-se lugar de peregrinação para todo o oriente. Sendo médicos sem fins lucrativos, são Cosme e São Damião são venerados como protetores dos médicos e estão representados em alguns emblemas da medicina (conhecemos três pares de irmãos santos chamados Cosme e Damião. Além dos gêmeos da Arábia, a respeito dos quais estamos relatando, havia ainda os irmãos Cosme e Damião que viviam na Ásia Menor e morreram pacificamente na Mesopotâmia no terceiro século cuja memória é comemorada no dia 1º de novembro pelo calendário da Igreja). Também veneramos os irmãos romanos Cosme e Damião, os quais sofreram durante o império de Karin (283-284). Sua memória é comemorada em 1º de julho pelo calendário da Igreja.

Troparion: Santos anárgicos e miraculosos, visitem nossas fraquezas: vós que recebestes de graça e nos dão gratuitamente.

 

Novembro

Venerável Padre João de Kronshtadt.

1 novembro e 2 janeiro (19 outubro e 20 dezembro calendário da Igreja)

São João, cujo nome completo é João Ilitch Serguiev, nasceu em 19 de outubro de 1829 em uma família pobre, na aldeia de Sure na província de Arxanguels. Pensando que ele fosse viver por pouco tempo, seus pais o batizaram logo que nasceu, com o nome de João, em honra ao venerável João de Rilsk, cuja memória era celebrada justamente nesse dia. Mas a criança começou a fortalecer-se e crescer. Sua infância transcorria em meio a muita pobreza e privações, porém seus piedosos pais implantaram nele um forte fundamento de fé. O menino era quieto, determinado, amava a natureza e os ofícios religiosos.

Quando João completou nove anos, seu pai juntou as últimas migalhas e o levou para uma escola paroquial em Arxanguelsk. Ele tinha dificuldades nos estudos e as vezes o desespero tomava conta dele. Aí então o menino pedia a ajuda de Deus. Certa vez, em um desses momentos difíceis, tarde da noite quando todos os educadores dormiam, ele se pôs em oração e suplicou fervorosamente. O Senhor ouviu a sua prece: a graça divina desceu sobre ele e, conforme sua própria descrição, foi como se "uma cortina tivesse caído da frente de seus olhos." Ele se lembrou do que ouvia na classe e de alguma forma tudo ficou claro em sua mente. Dali em diante ele fez grande progresso nos estudos. Em 1851 João Serguiev concluiu o seminário com mérito e ingressou na academia eclesiástica de S. Petersburgo.

A capital não corrompeu o jovem e ele continuava sendo o mesmo, ou seja, religioso e devoto como era em casa. Logo seu pai morreu e para amparar a mãe, João passou a trabalhar no escritório da academia e recebia 9 rublos por mês. Esse dinheiro era todo enviado para a mãe. Em 1855 ele concluiu a Academia com excelentes notas. O jovem graduado nesse mesmo ano foi ordenado e apontado como padre da catedral de Santo André na cidade de Kronshtadt (perto de S. Petersburgo).

Desde o primeiro dia de sua ordenação o padre João doou-se inteiramente a serviço do Senhor e das pessoas e passou a oficiar diariamente a Divina liturgia. Ele rezava, ensinava e ajudava muitas pessoas. Sua dedicação era admirável . No começo, e também depois, as pessoas o criticavam com freqüência, zombavam dele considerando-o como não completamente normal.

Durante a liturgia, padre João rezava fervorosamente, exigente e ousado. Ele nunca se recusava a rezar por aqueles que pediam, fossem eles ricos, pobres, nobres ou simples. E o Senhor recebia suas preces. Aconteciam inúmeros milagres, alguns anotados outros não. Começaram a chegar até ele para serem ajudados não apenas os moradores de Kronshtadt, mas também de Petersburgo, e mais tarde, de toda Rússia e de outros países.

Centenas de cartas e telegramas chegavam a Kronshtadt. Padre João lia tudo e imediatamente rezava com fervor. Milhares de pessoas vinham até o padre atrás de orações e bênçãos.

Padre João não era um pregador brilhante. Sua pregação era simples, clara, sincera, vinda da alma e com isto persuadia e inspirava seus ouvintes. Esses sermões eram publicados em edições separadas e se difundiam em grandes quantidades de exemplares por toda Rússia. Também foram editadas coleções de obras do padre João, compostas de alguns grandes volumes.

Seu diário clérigo : "Minha vida em Cristo" era particularmente popular entre os fiéis. Esse diário era a respeito da vida espiritual do padre João, registros de pensamentos e sentimentos abençoados com os quais ele foi honrado, conforme suas próprias palavras: "do iluminado Espírito de Deus nos minutos de profunda vigília e provações comigo, principalmente durante a oração."

Esses pensamentos e sentimentos são voltados ou para o Próprio Senhor Deus (em forma de oração), ou para o seu "eu" (em forma de meditação), ou para outros personagens (em forma de ensinamentos). Eles referem-se a vários aspectos da fé e possuem grande significado moral e são uma escola da vida espiritual.

Padre João era também professor de escrituras. Sua influência sobre os alunos era irresistível. As crianças o amavam. O padre não era um pedagogo dogmático; era um interlocutor animado. Ele tratava seus discípulos de modo cordial e caloroso, com freqüência intercedia por eles, não lhes dava deveres de casa, não os reprovava nos exames e conversava com simplicidade. Essas conversas eram lembradas por toda vida pelos discípulos. Padre João conseguia, de uma forma especial, despertar a fé viva na alma de uma criança. Durante as aulas freqüentemente ele lia a respeito da vida dos santos, a Bíblia ou contava a respeito de seu trabalho ministerial.

Era grande a misericórdia do padre João desde os primeiros dias de seu sacerdócio. Ele não desprezava as pessoas. Atendia ao primeiro chamado dos mais pobres e degradados. Lá ele rezava, instruía e ajudava, e com freqüência doava o pouco que lhe restava, evocando com isto censuras dos parentes. Às vezes acontecia que, chegando até uma família pobre e vendo a carência e a doença, ele mesmo ia até o mercadinho ou atrás de um médico na farmácia.

Mais tarde passavam pelas mãos do padre João centenas de milhões de rublos. Mas ele não os contava: pegava com uma mão, e ali mesmo doava com a outra. Além dessa caridade imediata o padre João criou uma organização especial de auxílio. Em 1882 foi inaugurada em Kronshtadt a "casa do amor ao trabalho" onde havia uma Igreja, escola elementar para meninos e meninas, abrigo para órfãos, clínica ambulatorial, asilo, biblioteca pública gratuita, casa popular, que abrigava até 40 mil pessoas por ano, diversas oficinas nas quais as pessoas pobres conseguiam ganhar algum dinheiro, restaurante popular barato, onde em dias de festa eram servidos até 800 pratos gratuitos, e refúgio para os viajantes.

Por iniciativa do padre João e seu apoio material foi construída uma estação de salvamento na margem da baía. Em sua terra natal ele construiu uma bela Igreja. É impossível enumerar todos os lugares e regiões aonde se estendia sua preocupação e ajuda.

Padre João morreu no dia 20 de dezembro de 1908 aos 80 anos de idade. Uma multidão incontável acompanhou seu corpo de Kronshtadt até S. Petersburgo, onde ele foi sepultado no mosteiro Ivanovski, o qual foi fundado por ele. De toda Rússia fiéis vinham ao lugar de seu repouso rezando e sempre eram feitos ofícios pelo morto (panixidas).

Forte na fé, fervoroso na oração e em seu amor pelo Senhor e por todas as pessoas, padre João de Kronshtadt, pela graça de Deus recebeu a veneração de toda a Rússia.

Troparion: Em Cristo vivendo para sempre, Ó miraculoso, com amor tiveste misericórdia dos que viviam em desgraça, ouvindo teu rebanho que te chamava com fé na esperança de tua generosa ajuda, João de Kronshtadt, nosso amado pastor.

Kondaquion: Escolhido por Deus desde a infância, e em criança tendo recebido Dele o dom milagroso para os estudos, e chamado em uma visão em sonho para ser presbítero, tornou-se admirável pastor da Igreja de Cristo, padre João, roga a Cristo Deus por nós todos para que estejamos contigo no Reino de Deus.

Santo Apóstolo Tiago.

5 novembro (23 outubro calendário da Igreja)

O apóstolo Paulo escreve em sua epístola aos Gálatas que juntamente com o apóstolo Pedro, eram considerados também pilares da Igreja os apóstolos Tiago e João. São Tiago era filho de José o Esposo da Santa Mãe de Deus, com a primeira esposa. Por esse motivo no Evangelho ele é chamado de irmão do Senhor. De acordo com as Escrituras o Senhor Jesus Cristo apareceu para ele após Sua ressurreição e o colocou como bispo da Igreja de Jerusalém. Dessa maneira, incidiu no destino do apóstolo Tiago uma atividade especial: ele não viajava por diversos países pregando, como faziam os outros apóstolos; ele ensinava e atuava como sacerdote em Jerusalém, possuindo tão grande significado para o mundo cristão.

Como chefe da Igreja de Jerusalém, ele presidiu a reunião Apostólica no ano de 51. Seu voto ali era de fato decisivo, e a proposta feita por ele, foi a resolução da reunião Apostólica. Essa circunstância tem importante significado, em virtude da pretensão dos católicos em elevar o apóstolo Pedro ao grau de chefe da Igreja para que, em seguida se confirme esse domínio pelo papa romano.

A importância do apóstolo Tiago reforçava ainda mais sua vida devotada. Ele era casto, não bebia nem vinho nem qualquer outra bebida alcoólica, era abstinente de carne e se vestia apenas com roupas de linho. Ele tinha o costume de se isolar para fazer as orações na Igreja onde rezava ajoelhado pelo seu povo. Era tão freqüente essa sua prostração no chão enquanto rezava, que a pele de seus joelhos enrijeceu.

O serviço do apóstolo Tiago era difícil, pois ele encontrava-se entre muitos dos mais furiosos inimigos do cristianismo. Mas ele agia com tanta prudência e justiça que era respeitado não apenas pelos cristãos, como também pelos judeus. Chamavam-no de esteio do povo e de justiceiro. Chegando ao cargo de bispo de Jerusalém aproximadamente aos 30 anos, ele propagou e reforçou a santa fé em Jerusalém e por toda Palestina. Quando o apóstolo Paulo, em sua última viagem visitou o apóstolo Tiago, nessa ocasião presbíteros reuniram-se com ele e transmitiram-lhe as seguinte palavras a respeito do êxito do sermão cristão no meio dos judeus: "Vês, irmão, quantos milhares de judeus abraçaram a fé sem abandonar seu zelo pela lei (Atos 21:20). Muitos dos judeus se dirigiam à Igreja pela confiança na palavra do virtuoso.

Observando tal influência do apóstolo nas pessoas, os chefes judeus começaram a ter receio de que todo o povo pudesse se voltar para Cristo, e decidiram se aproveitar do intervalo de tempo entre a ida do procurador Festo e a vinda de Alvino para tomar seu lugar (62 anos após o nascimento de Cristo), a fim de persuadirem Tiago ou a renunciar a Cristo, ou matá-lo. O sacerdote-prior nessa época era o ateu Ananias. Diante de uma grande multidão eles levaram o apóstolo ao pórtico da Igreja, e após algumas palavras lisonjeiras perguntaram com desdém: "Fale-nos sobre o Crucificado!" — "Vocês estão me perguntando a respeito de Jesus?" — falou em voz alta o virtuoso. — "Ele está no Céu sentado à direita do Todo Poderoso e novamente virá sobre as nuvens celestes." No meio da multidão havia muitos cristãos, os quais exclamaram alegremente: "Hosana ao Filho de Davi!" Os priores e escriturários gritaram: "Oh, o próprio justo está enganado!"- e em seguida derrubaram-no por terra. Tiago ainda conseguiu erguer-se sobre os joelhos e dizer: "Senhor, perdoa-os! Eles não sabem o que fazem." "Vamos apedrejá-lo!" — gritaram seus inimigos. Um certo padre pertencente à tribo de Rixova (eles não tomavam vinho, viviam em barracas, não plantavam nem trigo nem uvas) tentou persuadi-los dizendo: "O que é que vocês estão fazendo? Estão vendo: justo reza por vocês." Mas nesse momento um homem aproximou-se correndo e golpeou sua cabeça com tanta perversidade que seus miolos saltaram para fora e ele morreu. Junto com ele muitos cristãos foram mortos.

O historiador judeu José Flávio, enumerando os motivos da queda de Jerusalém diz que o Senhor, entre outras coisas, castigou os judeus pelo assassinato do justo Tiago. Pouco antes de sua morte o apóstolo Tiago escreveu uma mensagem. O motivo principal da mensagem — consolar e reforçar os judeus convertidos à fé dos sofrimentos que estavam iminentes, e avisá-los do engano, como que se só a fé pudesse salvar a pessoa. O Santo Apóstolo explica que a fé, quando não acompanhada pelas boas ações, - é morta e não leva à Salvação. A tradição da Igreja atribui ao apóstolo Tiago a elaboração do mais antigo grau da liturgia Divina.

Troparion: Como discípulo do Senhor, recebeste o Evangelho: como mártir indescritível e destemido, como irmão de Deus: intercedeste como hierarca. Roga a Cristo Deus, para que Ele possa salvar nossas almas.

O Grande Mártir Dimitri.

8 novembro (26 outubro calendário da Igreja)

O grande mártir Dimitri nasceu na cidade de Salonica na Grécia. Os pais, cristãos latentes, batizaram-no e o instruíram na fé. Seu pai, cônsul superior, morreu quando Dimitri atingiu a maioridade. O imperador Maximian Galeri nomeou Dimitri, para ocupar o lugar do pai como autoridade secreta da região de Salonica. A principal obrigação de Dimitri era defender sua região de inimigos externos, e também o imperador exigiu que ele exterminasse os cristãos. Em vez disso Dimitri se pôs a desarraigar hábitos pagãos, e a converter os pagãos à fé cristã.

Naturalmente logo delataram ao imperador que o pró-consul era cristão. Voltando de uma marcha contra os "sarmatas" (tribo que povoava as estepes do Mar Negro), Maximian parou em Salonica. Preparado para morrer, Dimitri distribuiu seus bens aos pobres, e devotou-se totalmente à oração e ao jejum. O imperador o aprisionou e foi se divertir no circo, juntamente com os moradores de Salonica vendo os combates gladiadores. Eles procuravam cristãos e quando encontravam, os arrastavam para a arena. Entre os gladiadores destacava-se o impetuoso "Lii"; ele vencia com facilidade os humildes cristãos nos combates, e diante do júbilo da multidão enfurecida, jogava-os sobre as lanças dos combatentes.

O jovem cristão Nestor, visitou Dimitri na prisão e Dimitri o abençoou para lutar com Lii. Reforçado por Deus, Nestor venceu o orgulhoso gladiador e arremessou-o sobre as lanças dos guerreiros. Nestor deveria ter sido condecorado como vencedor, mas ao invés disso foi executado por ser cristão.

A mando do imperador (no ano 306) os guardas da prisão mataram Dimitri, perfurando-o com suas lanças. O corpo do grande mártir Dimitri foi jogado para que animais o devorassem, mas cristãos secretamente conseguiram sepultá-lo. Um dos criados de Dimitri, Lupus, pegou a vestimenta ensangüentada e o anel do mártir e começou a curar os doentes. Ele inclusive também foi executado. Durante o império de Constantino o grande (324-337) foi construída uma Igreja sobre o túmulo do mártir Dimitri e, após cem anos, suas relíquias foram encontradas. Diante de seu túmulo aconteciam milagres e curas. Durante o império de Maurício (582-602) pessoas que viviam no Don bloquearam a cidade de Salonica. São Dimitri apareceu na muralha da cidade, e 100 mil guerreiros se precipitaram em fuga. Em outra ocasião o santo salvou a cidade da fome.

A vida de Dimitri narra que ele soltava os prisioneiros do poder dos infiéis e ajudava-os a alcançar Salonica.

Desde o século 7 do túmulo de São Dimitri começou a fluir um bálsamo aromático e milagroso. No século 14 Dimitri Krisolog escrevia a respeito disso: "o bálsamo por sua natureza não é água, mas é mais denso do que ela e não se parece com nada do que temos conhecimento... É mais estupendo do que todos aromas, não só os artificiais como os naturais criados por Deus."

Troparion: Virtuoso Dimitri; tu foste a proteção do mundo e soldado invencível de Cristo. Tu inspiraste Nestor para humilhar Lion. Intercede com Cristo nosso Deus para nos salvar.

Grande Mártir Parasqueva.

10 novembro (28 outubro calendário da Igreja)

A grande mártir Parasqueva nasceu na cidade de Iconia na Ásia Menor. Seus pais respeitavam especialmente a 6ª-feira, dia da semana em que o Senhor Jesus Cristo sofreu a crucificação. Em honra a esse dia eles chamaram sua filha de Sexta-Feira (em grego Parasqueva). Ela ficou órfã muito cedo. Ao atingir a maioridade. Parasqueva fez voto de castidade e passou a se preocupar com a propagação da fé cristã entre os pagãos.

No ano 300 chegou à cidade o chefe militar do imperador Dioclesiano, enviado para exterminar os cristãos. Parasqueva se recusou a levar sacrifício aos ídolos. E por isso foi submetida a torturas. Ela foi pendurada em uma árvore, sendo depois torturada com pregos, depois açoitada até os ossos e quase sem vida foi jogada na prisão. Deus não abandonou a santa sofredora e milagrosamente a curou. O torturador malvado não entendeu esse milagre e continuou a torturá-la mandando que a pendurassem de novo numa árvore e a queimassem com tochas. E por fim eles a decapitaram com uma espada. Os cristãos sepultaram o corpo da santa Parasqueva . Através de suas relíquias aconteciam curas dos doentes.

Os antigos cristãos ortodoxos nutriam grande amor por Santa Pasqueva. Eles lhe consagravam Igrejas e capelas à beira das estradas, consideravam-na como protetora dos campos e do gado. No dia em que se comemorava sua memória as pessoas levavam frutas à Igreja para serem benzidas. Santa Parasqueva era considerada como aquela que cura os males do corpo e da alma, protetora do bem-estar e sorte familiar. Nos ícones ela é representada com uma fisionomia severa, alta no tamanho e com uma coroa resplandecente sobre a cabeça.

Troparion: Sábia e louvada mártir de Cristo, Parasqueva, tomada de força valente, rejeitaste a fraqueza feminina, venceste o diabo e envergonhaste a tirano clamando e dizendo: venham, dilacerem meu corpo com a espada e queimem com fogo: estarei feliz por Cristo meu noivo! Através de tuas orações para Cristo Deus, salva nossas almas.

Venerável Mártir Anastácia a Romama.

11 novembro (29 outubro calendário da Igreja)

Santa Anastácia a Romana ficou órfã aos 3 anos de idade. Ela foi educada em um mosteiro perto de Roma, onde tornou-se monja. Durante o império de Décio (249-251), Anastácia completou 21 anos. Ela era muito bela e muitos romanos nobres pediram sua mão em casamento, mas ela rejeitava todos, preferindo se manter como noiva de Cristo.

Naquele tempo o imperador organizou uma grande perseguição contra os cristãos. Os pagãos arrebataram até o administrador da cidade. Ela era acusada de desdenhar os pretendentes nobres e ricos, além de venerar o Cristo crucificado.

O administrador Probus ordenou que ela levasse algum sacrifício aos ídolos, mas Anastácia se negou a renunciar a Cristo. Então ela foi brutalmente torturada: de seus dedos foram arrancadas as unhas, depois cortaram seus pés e mãos e em seguida quebraram todos seus dentes. A santa, esvaindo-se em sangue, começou a desfalecer e pediu água. Presente nessas torturas um certo Cirilo, ficou com pena e deu-lhe de beber. As torturas continuaram; cortaram a língua da santa Anastácia, com a qual ela ininterruptamente louvava a Deus. Exaustos, os carrascos finalmente a decapitaram. Decidindo que Cirilo, aquele que deu água para a mártir, era um cristão oculto, os carrascos agarraram-no e também executaram.

Troparion: Jesus, a Tua cordeira Anastácia clama em louvor: amo a Ti meu Noivo, e à Tua procura padeci; e morri por Teu batismo e sofro por Ti e morro por Ti e também vivo Contigo, recebe-me como sacrifício puro; me doei a Ti com amor. Com tuas preces intercede e salva nossas almas.

A respeito do significado da santidade veja na 1ª publicação de "a vida dos mártires por Cristo." Na 2ª publicação veja "os feitos dos monásticos." Na 3a veja "dementes por amor a Cristo."

A publicação em ordem alfabética da ajuda dos santos está no final da primeira emissão; o significado dos nomes próprios está no final da 2ª emissão.

 

Folheto Missionário número PA5

Copyright © 2005 Holy Trinity Orthodox Mission

466 Foothill Blvd, Box 397, La Canada, Ca 91011

Redator: Bispo Alexandre Mileant

(saints_6_p.doc, 08-12-2005)